Dor de cabeça desvendada no Quarta da Saúde


16 de maio de 2012


Ela pode vir nas horas mais impróprias, de diferentes formas, com maior ou menor intensidade. Pulsante, em forma de uma pressão, peso ou aperto no crânio, a dor de cabeça mais comum, que é a cefaleia tensional, atinge 42% da população adulta.

Segundo o professor Paulo Caramelli, neurologista do departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina, 30% das pessoas apresentarão, pelo menos uma vez ao ano, um episódio de dor de cabeça, e 15%, mais de dois episódios anuais.

Os tipos de dores de cabeça, o diagnóstico e tratamento foram abordados pelo professor na estreia do projeto Quarta da Saúde, iniciativa do Centro de Extensão (Cenex) e da Assessoria de Comunicação Social (ACS) da Faculdade de Medicina da UFMG. Mensalmente, um profissional da saúde abordará um tema de interesse público, em apresentação gratuita aberta à comunidade.

Cerca de 80 pessoas estiveram na estreia do projeto Quarta da Saúde.

Nesta primeira edição, cerca de 80 pessoas, entre alunos e interessados, compareceram ao evento. Todos tiveram a oportunidade de fazer perguntas e esclarecer dúvidas com o neurologista, que afirmou que as dores de cabeça são sintomas comuns, responsáveis por muitas queixas na prática clínica. “Não existem exames laboratoriais para o diagnóstico da dor de cabeça. Por isso é fundamental conhecer, e ouvir a história que o paciente tem a contar, para saber identificar”, conta Paulo Caramelli.

Dor de cabeça ou enxaqueca?
Na apresentação, o médico deixou claro como diferenciar uma dor de cabeça comum de uma enxaqueca, apontado as principais diferenças entre os dois diagnósticos. De acordo com o professor a cefaleia tensional é aquela que prejudica, mas não interrompe as atividades normais de uma pessoa.

Essa dor geralmente é bilateral, ou seja, acontece em duas regiões da cabeça ao mesmo tempo. A sua intensidade é de fraca a moderada, e tem a duração variável. “Às vezes pode durar trinta minutos, outras vezes, pode durar dias”, explica. O neurologista ainda lembra que a cefaleia tensional é mais comum à tarde ou à noite, após um dia sobrecarregado no trabalho ou emocionalmente. “Essa dor também é comumente associada à ansiedade ou depressão”, completa.

Já a enxaqueca é mais intensa, e sua duração é de no mínimo quatro horas, podendo chegar a três dias. “A dor é de um lado só da cabeça e sempre latejante, como se acompanhasse o pulso do coração”, descreve o médico. Na enxaqueca pode acontecer, ainda, o fenômeno de “aura visual”, que é a visão embaralhada de 10 a 15 minutos antes da crise. Também é comum a ocorrência de pelo menos dois dos seguintes sintomas: náuseas, vômitos, fotofobia e fonofobia (aversão à luz e ao som, respectivamente). “Nesses casos, a dor é agravada com qualquer esforço físico, e um bom descanso, em ambiente escuro e silencioso podem ajudar a reduzir a intensidade da dor”, recomenda.

Sinal de alerta
Em alguns casos, a dor pode ser sintoma de alguma doença mais grave, como o aneurisma, meningite, ou um tumor. Paulo Caramelli ensina a ficar alerta aos sinais: “Se a dor tem início após os 50 anos, tem instalação súbita, associação com crises convulsivas ou febre, é fundamental a realização de exames clínicos para outras doenças”.

Quarta da saúde
O projeto tem o objetivo de levar o conhecimento científico produzido na Universidade para a população, privilegiando temas que fazem parte da vida cotidiana. A apresentação será feita sempre na terceira quarta-feira do mês por professores da Faculdade de Medicina e de outras unidades da UFMG, além de especialistas convidados de outras instituições.

Mais informações: ACS – (31) 3409 8056