O que leva às dores na coluna?


20 de junho de 2012


Quem nunca reclamou ou ouviu alguém reclamar de algum tipo de dor nas costas? De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% a 90% da população global ainda vai experimentar dores na coluna durante a vida, seja por fatores emocionais ou mesmo comportamentais. Buscando métodos de prevenção do problema, cerca de 50 pessoas participaram nesta quarta-feira, 20, do projeto Quarta da Saúde, iniciativa do Centro de Extensão (Cenex) e da Assessoria de Comunicação Social (ACS) da Faculdade de Medicina da UFMG.

Projeto Quarta da Saúde debateu as causas e os métodos de prevenção das dores de coluna

A palestra, aberta ao público em geral, foi apresentada pelo ortopedista Jefferson Soares Leal, professor do departamento do Aparelho Locomotor. Ele destacou que a dor de coluna é a primeira causa de incapacidade para o trabalho em pessoas com menos de 45 anos e o segundo motivo mais frequente de consulta médica. “A lombalgia aguda, aquela dor na coluna que dura menos de quatro semanas, é um bom prognóstico. O problema é quando essas dores têm um tempo maior de duração”, afirma. Já a lombalgia crônica, mais rara, pode ser uma manifestação de doenças graves, como tumores e infecções da coluna. “Outro dia atendi um menino que tinha uma infecção na coluna, ou seja, havia uma manifestação de pus no local. Tais condições podem ser potencialmente fatais”, exemplificou o professor.

Fatores de risco

Tabagismo, idade, obesidade e sexo feminino são, de acordo com o ortopedista, características que podem acentuar o desenvolvimento das dores de coluna. Segundo Jefferson Leal, fumar favorece o envelhecimento do disco responsável por sustentar e equilibrar a coluna. Além disso, os aumentos da idade e do peso estão associados à perda de massa óssea do corpo, o que significa que a pessoa deve redobrar os cuidados com a coluna, já que uma possível fratura pode comprometê-la. “A pessoa que tem uma hérnia de disco, ou seja, que teve a saída do disco da coluna do seu sítio normal, não necessariamente vai sentir dores, porque isso às vezes é ditado de acordo com sua idade”, destaca Jefferson Soares Leal.

Outras situações como trabalhos físicos pesados – movimentos repetitivos de flexão, rotação e levantamento de peso –, posturas inadequadas de forma contínua ou repetitiva, como o ato de dirigir diariamente na mesma posição e o sedentarismo também contribuem para a piora do quadro do paciente.

Sobre a forma correta de assentar e encostar na cadeira, em qualquer situação, o ortopedista observa: “Faz bem manter a postura levemente inclinada, nunca parando em uma posição de 90º para não forçar a lombar. Se for o caso, vale reclinar um pouco o encosto com o apoio, aliviando e diminuindo a pressão sobre a coluna”, recomenda.

Por fim, fatores psicossociais, como ansiedade e depressão, também pioram o quadro de dor. Afinal, como define o professor, “os bons hábitos, o que faz bem pro coração, faz bem pra coluna”. Assim, atitudes como não abusar de alimentos calóricos, fazer alongamento diariamente e praticar esportes são fundamentais para a saúde da coluna. Mas o especialista recomenda “pegar leve” nos exercícios físicos quando a pessoa estiver sentindo dores.

Sinais de alerta e tratamento

Dor noturna ou em repouso, contínua e progressiva, associada à febre, emagrecimento injustificável e história de câncer são alguns sinais de alerta para iniciar o tratamento das dores de coluna, que inclui alívio da dor, reabilitação funcional, medidas gerais (cuidados básicos, atividades físicas e de lazer) e a busca do foco da causa.

Para Jefferson Soares Leal, as cirurgias são recomendadas somente em último caso, quando as dores são muito graves e o paciente não responde ao tratamento clínico por um período superior a seis meses. Mesmo no caso do problema de hérnia de disco, o professor considera que a indicação de cirurgia também não é absoluta.

Público

A servidora pública aposentada Ney Bellon, presente na palestra, conta que o evento trouxe novidades. “Já fiz ressonância magnética, fisioterapia, natação, acupuntura, ioga e outras medidas preventivas. Tudo isso sempre ajudou no meu equilíbrio emocional, até porque estou sempre lutando contra as minhas dores. Mas achei interessante quando o professor disse que às vezes o médico quer se livrar do paciente, que sempre retorna ao seu consultório, indicando, por exemplo, uma cirurgia, por lhe faltar recursos técnicos”, ressalta.