A música para reabilitação de pacientes


18 de setembro de 2013


“A música como terapia” foi tema de hoje do projeto Quarta da Saúde, que contou com a participação do professor do Departamento de Instrumentos e Canto da Escola de Música da UFMG, Renato Sampaio.

O professor iniciou a palestra explicando aos presentes o que é música. Segundo ele, é um fenômeno humano relacionado à cultura, que transcende no tempo e no espaço. Ao cantar a cantiga “se essa rua fosse minha”, foi possível perceber que todos conheciam a melodia. “Pessoas que nasceram há 20, 50 ou 100 anos conhecem essa cantiga. É uma forma de integrar culturas e gerações anteriores”, comentou.

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Renato Sampaio foi o convidado desta edição do Quarta da Saúde.

 

De acordo com a Federação Mundial de Musicoterapia, a prática é a utilização da música e/ou seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia) por um musicoterapeuta qualificado, com um cliente ou grupo, num processo para facilitar e promover a comunicação, relação, aprendizagem, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, no sentido de alcançar necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas.

Por isso, há uma diferença entre os benefícios de uma prática musical e a musicoterapia. Segundo Renato Sampaio, quando uma idosa decide participar de um coral, por exemplo, pode haver benefícios em relação à respiração ou memória dessa pessoa. Um psicólogo também pode usar uma música para fazer seu paciente relaxar, usando-a como recurso terapêutico. Já a musicoterapia envolve a experiência profissional com o canto, o movimento e a improvisação.

Como exemplo, o professor contou a história de um paciente que sofreu um acidente de carro e acabou desenvolvendo uma afasia, que é a incapacidade da produção da fala. Ao perceber que o paciente gostava de MPB, o professor começou a tocar músicas de Chico Buarque, Djavan e Milton Nascimento, para que o homem pudesse escolher suas músicas preferidas. “Em três meses o paciente já começou a produzir sons vocais, a tocar pandeiro e até mesmo a cantar. Em sete meses ele já estava usando a música para se comunicar, falando frases em ritmos musicais”, relembrou.

Também durante a palestra, o professor exemplificou o trabalho da musicoterapia com um menino de sete anos diagnosticado como autista. Enquanto o garoto fazia sons em um tambor, o professor acompanhava o ritmo em um violão. Em seguida, o professor ia mudando o ritmo e o menino também o acompanhava. “As pessoas falam que o autista não interage com as pessoas, mas ele estava interagindo comigo. Nosso trabalho é tentar melhorar a condição de interação social de pessoas como ele”, explicou.

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Participantes tiram dúvidas com o especialista.

 

A apresentação do professor Renato Sampaio será disponibilizada na página do Quarta da Saúde. Outras informações sobre o Projeto de Extensão Clínica de Musicoterapia pelo telefone 3409-7483 ou pelo email clinicamtufmg@yahoo.com.br.

Próxima edição

“Lidando com a perda” será o tema da próxima edição do projeto, que aborda temas da saúde de forma ampla e com linguagem acessível ao público em geral.

A palestra será realizada no dia 16 de outubro, às 12h30, na sala 150 da Faculdade de Medicina da UFMG. O Quarta da Saúde é uma iniciativa do Centro de Extensão (Cenex-MED) e da Assessoria de Comunicação Social (ACS) da Faculdade de Medicina da UFMG.