Uma em cada duas pessoas que sofrem de glaucoma ainda não foi diagnosticada

Doença é a segunda maior responsável pela cegueira no mundo, de acordo com a OMS.


22 de maio de 2023 - , , , ,


Estima-se que, no Brasil, dois milhões e meio de pessoas sofram de glaucoma. Desses, mais de um milhão ainda não descobriram que sofrem da doença. O glaucoma, que não tem cura, é a segunda maior causa de cegueira no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), ficando atrás apenas da catarata.

O glaucoma é uma doença que afeta o nervo óptico, relacionado a um aumento de pressão intraocular. Com o passar do tempo, o glaucoma causa uma perda gradativa do campo de visão do indivíduo e pode, se não diagnosticado e tratado, levar à cegueira. É o que explica o professor do Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da UFMG, e convidado do Saúde com Ciência desta semana, Alberto Diniz Filho.

Ele afirma que os glaucomas podem advir de fatores externos, como cirurgias malsucedidas, inflamações ou traumas. Nesses casos, são os chamados glaucomas secundários: aqueles que tem uma causa externa definida. “Quando não ocorre esse tipo de situação, estamos diante dos glaucomas primários. Neles, a resistência à drenagem do líquido do olho vai acarretar nesse aumento de pressão ocular”, detalhou o professor Alberto Diniz.

Além da pressão intraocular elevada, o professor menciona outros fatores de risco que podem facilitar o surgimento do glaucoma. De acordo com ele, indivíduos que sejam diabéticos, portadores de alta miopia e adultos acima dos quarenta anos são considerados grupos de risco para o glaucoma, e devem redobrar a atenção. Isso porque esses grupos não apenas estão mais propensos a desenvolver a doença, mas também porque, neles, a progressão do dano pode ser significativamente mais rápida.

A importância do diagnóstico

O professor Alberto Diniz explica que, pelo fato de o glaucoma ser uma doença silenciosa, ou seja, só ter efeitos perceptíveis para o indivíduo quando já está com progressão avançada, o diagnóstico é fundamental. “O exame oftalmológico periódico é que vai nos dar condições de um diagnóstico precoce, para que esse indivíduo não tenha uma perda da sua visão. Porque o glaucoma é uma doença que não tem cura, mas tem controle”, explica ele.

Pelo fato de mais da metade dos pacientes de glaucoma ainda não terem ciência de que sofrem da doença, o professor reforça a importância de um checkup oftalmológico de rotina, que inclua a medição da pressão intraocular e um exame de fundo de olho. Segundo o professor Alberto Diniz, a recomendação é ainda mais forte para aqueles que são diabéticos, maiores de 40 anos, míopes e aqueles que possuem histórico familiar de glaucoma.

“Entrando com o tratamento, a gente acaba por retardar a velocidade de progressão da doença. Ou seja, a gente vai acabar retardando aquele nervo, aquelas células que eu comentei para vocês de morrerem, e com isso a gente ter uma perda do campo visual. Então a prevenção é a nossa maior arma para o combate ao glaucoma”.

Professor Alberto Diniz Filho

Saúde com Ciência

No programa de rádio Saúde com Ciência desta semana, vamos conversar sobre glaucoma, doença silenciosa que afeta o nervo óptico e é a segunda maior causa de cegueira no mundo. Vamos discutir os diferentes tipos de glaucoma, como eles surgem, quais são os grupos de risco e como são feitos o diagnóstico e o tratamento.

O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.