Diabéticos não devem comer doces: mito ou verdade?
Podcast tira dúvidas sobre alimentação, medicação e outros aspectos da vida de pacientes diabéticos.
09 de setembro de 2025 - diabetes, endocrinologia, insulina, podcast, saúde com ciência, Videocast
Segundo dados da Agência Brasil, mais de 10% da população brasileira é paciente de diabetes. A incidência é maior entre as mulheres, com 11%, e principalmente entre os adultos acima dos 65 anos, com mais de 30%. O Brasil ocupa a sexta posição mundial em casos de diabetes, com mais de 15 milhões de brasileiros afetados. O professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Marcio Weissheimer Lauria, desmistifica no primeiro episódio da segunda temporada do videocast Saúde com Ciência mitos e verdades acerca de uma das doenças mais prevalentes do Brasil.
De acordo com o professor, uma das primeiras coisas que um paciente pensa ao se descobrir diabético é em relação ao corte do açúcar na dieta, e, por consequência, a redução no consumo de doces. “Diabetes tem muito a ver com doce. Doce tem muito a ver com excesso de carboidratos, excesso de gorduras”, explica o professor.
A redução do consumo pode realmente ajudar o controle glicêmico dos pacientes. Mas, segundo o professor Marcio Lauria, essa não é a parte mais importante. “O mais importante para ela é perder peso, fazer exercício. Eu vejo muito paciente com diabetes tipo dois alegando que troca o açúcar pelo adoçante e não vê resultado nenhum”, explica o professor. Essa falta de resultados, de acordo com ele, não acontece porque o paciente não fez nenhuma outra mudança significativa em sua rotina.
“É claro que a gente sabe que os doces têm um índice glicêmico alto. Atrapalha o pâncreas que já não está funcionando adequadamente. Como estar com o motor do carro sobrecarregado e você ainda força mais”, define o professor.
“Hoje a gente já tem produtos dietéticos, tem uma restrição de carboidratos, muitos até similares aos produtos que são das pessoas que não têm diabetes. Mas do ponto de vista prático, eu sempre falo, mesmo esses produtos dietéticos, você tem que usar em situações muito específicas. Não é uma questão liberada, porque doce e açúcar não fazem bem para ninguém em excesso todos os dias. Então, a gente tem que colocar isso para o paciente com diabetes, que você vai fazer uma dieta saudável que é bom para todo mundo. E não é bom pra ninguém ficar comendo doce o tempo todo, entendeu?”.
Professor Marcio Lauria
Segundo o professor, o consumo excessivo de doces é maléfico, e pode acarretar num aumento do triglicérides, além de outras situações negativas de saúde, mesmo que não cause alterações na glicose. “Então, de vez em quando pode. Você está com o diabetes bem controlado? Pode, de vez em quando. Acho que depende muito do controle”, afirma. Ele finaliza, dizendo que o doce não é a pior coisa para um diabético, e que existem medidas de controle da doença muito mais importantes do que simplesmente trocar o açúcar pelo adoçante.
Ouça o podcast na íntegra:
Saúde com Ciência

No programa de rádio Saúde com Ciência desta semana, debatemos mitos e verdades sobre o diabetes. Conversamos sobre os diferentes tipos da doença e sobre o pré-diabetes. Além disso, discutimos dúvidas acerca da alimentação e dos medicamentos disponíveis para o tratamento do diabetes.
O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a quinta-feira, às 7h15, no programa Bom Dia UFMG. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.