Podcast aborda dados sobre atraso no desenvolvimento entre crianças brasileiras
Pesquisa da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal aponta que 78% das crianças de 0 a 3 anos estão expostas diariamente ao uso de telas.
14 de novembro de 2025 - desenvolvimento infantil, pediatria, uso de telas
O desenvolvimento infantil é um processo contínuo de aquisição de habilidades motoras, cognitivas, afetivas e sociais, fase em que o cérebro forma milhões de conexões por segundo. Isso é o que explica a professora do Departamento de Pediatria e convidada do Saúde e Consciência, Cláudia Lindgren, ela afirma: “este desenvolvimento é um processo longo que vai permitir o alcance da autonomia e a inserção na sociedade por parte da criança”.
Por isso ela reforça a sistematização do processo de desenvolvimento da criança e alerta os perigos de expor os pequenos a telas nos primeiros mil dias, “antes de dois anos não há qualquer benefício da criança usar as telas, é exatamente essa a fase de necessidade de interação, de ter oportunidades que as telas não vão propiciar”. Segundo ela, muitos pais usam este método por não compreender outras formas de entreter e ajudar à criança a se regular, mas que podem acabar postergando a jornada de regulação emocional que deve ocorrer a partir do início da vida.
“Essa é uma hora muito boa, à medida que a criança cresce com apego seguro, ela aprende a confiar também nos outros humanos que estão ali em volta, a família estendida, amigos, inclusive outras crianças. Elas precisam entrar numa sincronia de brincar, de se relacionar, sem que um seja mais capaz do que o outro de reconhecer o que está acontecendo ali, isso é o cenário ideal”.
Professora Cláudia Lindgren
A professora também destaca a dificuldade no desenvolvimento que afeta crianças expostas à pobreza, ou violência. Fatores ambientais que podem modificar o acesso com qualidade, à serviços de saúde e educação. “Esse equilíbrio entre esses fatores é determinante, a gente fala que o desenvolvimento é multideterminado, porque a gente não consegue prever o resultado final do equilíbrio entre esses fatores ambientais e biológicos”.
Cláudia também explica que para além da promoção de informações por parte de profissionais da atenção primária à saúde, outro papel fundamental deles é a identificação precoce de crianças que estão indo mais devagar, ou mais depressa. Dessa forma podendo monitorar e estar apto a atuar caso haja problemas.
Para consolidar a política de acompanhamento, ela destaca a implementação da caderneta digital da criança, que auxilia nos registros junto ao sistema eletrônico do SUS e a comunicação do profissional, com a família, devido a facilitação do acesso ao histórico do paciente.
Ouça o podcast na íntegra:
Saúde com Ciência
No programa de rádio Saúde com Ciência desta semana, conversamos sobre Desenvolvimento Infantil. Discutimos o desenvolvimento da criança, o papel do SUS, pandemia e o uso de telas e desigualdade social.
O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a quinta-feira, às 7h15, no programa Bom Dia UFMG. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.