Depressão não é tristeza cotidiana e deve ser tratada
Saúde com Ciência utiliza obras cinematográficas e suas trilhas-sonoras para ilustrar o tema “Depressão e Transtornos Relacionados”.
13 de março de 2015
Nesta edição, Saúde com Ciência utiliza obras cinematográficas e suas trilhas-sonoras para ilustrar o tema “Depressão e Transtornos Relacionados”.
É a partir da imagem de um cachorro preto, chamado depressão, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra de forma didática a doença, que atinge cerca de 20% da população ao longo da vida e é responsável por 14% dos casos de afastamento do trabalho. A ideia é expressar o quanto a depressão pode ocupar espaço na vida da pessoa, tirando-lhe a própria vontade de viver. Nesse caso, o cão, animal associado ao companheirismo, praticamente domina as atitudes e iniciativas do homem.
Até o dia em que ele reage e resolve encarar o problema, começando por admiti-lo. O receio e vergonha que algumas pessoas sentem em ser taxadas de “depressivas”, fato ligado aos estigmas sociais que existem em relação aos transtornos de ordem mental, faz com que elas recusem ajuda e se afastem cada vez mais do mundo, piorando o quadro.

Imagem retirada do vídeo I had a black dog, his name was depression, da Organização Mundial da Saúde (OMS)
Segundo o psiquiatra e professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Maurício Viotti, a depressão pode ser classificada, em termos médicos, como uma síndrome, situação que inclui uma série de sintomas e não tem uma causa específica. Um dos sinais característicos é a tristeza patológica, que não deve ser confundida com a variação de humor que surge em determinadas situações do cotidiano. “Essa tristeza geralmente se associa a outros sintomas, que envolvem o organismo, como perda de energia, alterações no sono, e questões mentais, como ansiedade, angústia e falta de interesse”, explica.
Viotti classifica a depressão em três níveis: leve, moderada e grave. “A leve responde melhor ao tratamento. Por outro lado, pode passar despercebida”, afirma. Isso significa que, quando não tratada, a depressão pode evoluir em estágio, “facilitando” o diagnóstico e dificultando a recuperação. Além disso, é uma doença que, muitas vezes, está associada a outros transtornos mentais, casos da ansiedade, transtorno do pânico e TOC.
Os tratamentos, considerados bem-sucedidos pelo professor, variam de acordo com cada indivíduo, mas o uso de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos, acompanhamento psicoterápico e prática de atividades físicas costumam ser indicados. “Deve-se contar com a ajuda da saúde mental para superar essa fase, porque é possível sair dela e se tornar mais maduro. Ao superar uma dificuldade, a pessoa tende a crescer de algum modo”, conclui Maurício Viotti.
Como não existe uma “pílula mágica”, o profissional, ao atuar de modo humanitário e tentar estabelecer uma relação amistosa, pode ajudar o paciente a se livrar dos seus “dias de cão”. Porque vergonha, como bem define a parte final do vídeo da OMS, é deixar a vida passar.
Sobre o programa de rádio
O Saúde com Ciência, que apresenta a série Depressão e Transtornos Relacionados entre os dias 16 e 20 de março de 2015, é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h, ouça o programa na rádio UFMG Educativa, 104,5 FM.
Ele também é veiculado em outras 94 emissoras de rádio, que envolvem as macrorregiões de Minas Gerais e os seguintes estados: Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.