Tecnologia abre novo caminho para a medicina

Medicina passa por revolução com o auxílio de novas tecnologias e beneficia os usuários


12 de novembro de 2015


Notícia publicada na edição nº 48 do Saúde Informa

Medicina passa por revolução com o auxílio de novas tecnologias e beneficia os usuários

O rápido avanço tecnológico vivido nos últimos tempos também revolucionou a prática milenar da medicina. A atuação conjunta da biofísica, bioquímica, radiação microeletrônica, entre outras áreas, permite acessar exames mais precisos e procedimentos menos invasivos. O aprimoramento desta ciência tem o objetivo principal de atuar em prol do ser humano, promovendo resultados como o aumento da longevidade com maior qualidade de vida.

“A tecnologia é o meio. O fim são as pessoas. Esse meio tem que ser usado em benefício das pessoas, mas igualmente usado, pois não tem sentido os grandes recursos estarem localizados só nos grandes centros”, afirma o coordenador do Centro de Tecnologia e Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG (Cetes), professor Cláudio de Souza. Ele defende que ao invés do paciente ir aos grandes centros nos quais se concentram a tecnologia, estes recursos devem ir até o paciente. “Comenta-se muito sobre a interiorização da medicina, em levar profissionais para além dos grandes centros urbanos. Isto seria o ideal, mas é muito difícil conseguir levar todo tipo de recurso para o interior”, explica. “Do ponto de vista físico, os recursos deveriam ir através de aparatos móveis e outros transportes que levam a infraestrutura até o interior ou através do modo virtual. Esse é o novo caminho da medicina e das ciências da saúde”, prevê.

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Com os conhecimentos atuais já seria possível fazer o aperfeiçoamento da espécie, por exemplo, mas as consequências podem ser muito perigosas. Foto: pixabay.com

Nova forma de atuação, novos resultados

Um robô realizando uma operação ou um homem com braço mecânico poderiam ser cenas de um filme de ficção científica, mas já são realidade. Atualmente, a tecnologia está presente em diversas áreas da saúde, com destaque no campo cirúrgico. “A cirurgia robótica tem se tornado cada vez mais importante. Os robôs manipulados pelo homem, já que não existe tecnologia autônoma, permitem separações de tecidos com menos lesões aos pacientes por serem mais precisos do que a mão de um cirurgião”, comenta o professor.

Com a tecnologia 3D, por exemplo, é possível reproduzir algum órgão específico da pessoa e imprimi-lo, permitindo, assim, uma visão real da situação e uma noção prévia da real anatomia antes de um procedimento cirúrgico. O professor ainda diz que há outros inúmeros recursos que tornam a cirurgia cada vez menos invasiva, como a videolaparoscópica e demais avanços tecnológicos que permitem agressões menores ao corpo e resultados melhores. “É preciso que a nova geração dos profissionais incorpore isso. Mas percebemos uma resistência da equipe que não está familiarizada com essas tecnologias, negando-as”, conta.

“Este é um novo caminho que temos que seguir. A escola, no meu ponto de vista, está caminhando neste sentido, preocupada com essas questões, compreendendo a importância disso”, destaca. Como presidente do Conselho Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde, o professor Cláudio reconhece as consequências do uso da tecnologia como inexorável. “Cada vez mais teremos um paciente olhando dados com mais precisão através do computador. Poderão fazer o próprio eletrocardiograma, futuramente e, com uma ou duas gotas de sangue, poderão ter o resultado de vários exames no próprio celular”, relata. “Ao contrário do que alguns médicos possam pensar, isso não desvaloriza o trabalho deles. O paciente ainda terá que ser orientado. O médico não perderá seu espaço, apenas modificará a maneira de exercer a medicina”, ressalta.

Para o professor, a tecnologia jamais substituirá o médico. “O profissional é importante, afinal de contas um indivíduo que passa seis anos na faculdade e outros tantos em uma especialização tem uma noção de conjunto que precisa ser ouvida. Ele continuará sendo decisivo”, defende. “Não há nada mais nobre do que cuidar do ser humano e cuidar da dimensão maior de uma pessoa que é a saúde“, completa.

Limite ético

A relação do homem com a máquina esbarra no que o professor chama de bioética de fronteiras. Ele explica que a bioética é justamente a área de conhecimento que se preocupa com esta interligação. Devido aos riscos do uso desenfreado da tecnologia, Cláudio de Souza lembra que só se deve fazer algo que se consiga dimensionar o resultado. “A tecnologia, às vezes, nos permite atuação em áreas que nós não sabemos e dominamos. Nessa hora eu costumo dizer que é como se estivéssemos dirigindo em uma estrada com neblina muito forte. No momento que não conseguirmos enxergar o que está na frente é hora de tirar o pé do acelerador para evitar um acidente”, argumenta.

Com os conhecimentos atuais já seria possível fazer o aperfeiçoamento da espécie, por exemplo, como escolher uma criança de determinado sexo, selecionar geneticamente pessoas mais inteligentes e outras determinadas qualidades. Mas as consequências disso poderiam ser muito perigosas, segundo Souza. “Temos que ter cuidado na aplicação desses avanços tecnológicos e científicos. A natureza ao acaso tem sido muito melhor do que algo dirigido que não temos certezas dos resultados. Há que se respeitar essa dimensão maior da vida”, declara. Para ele, é importante usar tais avanços com cautela para não correr o risco de prejudicar a espécie humana.

“Como profissional da área eu acho que deveríamos investir ao máximo em saúde. Não tenho dúvida que teremos, daqui pra frente, muitos avanços, desde que sejamos responsáveis com esses investimentos”, expõe Claudio. Dentre a aplicação de recursos, ele destaca a tecnologia e educação como primordiais, e também a formação ética das pessoas. “É preciso saber como e quando aplicar. A tecnologia em si é neutra, a governabilidade do uso é responsabilidade do ser humano, sendo necessário, então, agir com moral e ética”, conclui.