Cigarro: vício que os brasileiros têm abandonado aos poucos

A dificuldade para deixar de fumar se deve a dependência causada pelo tabaco


25 de maio de 2016


A dificuldade para deixar de fumar se deve a dependência causada pelo tabaco

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O câncer é a principal doença associada aos fumantes. Foto: Pixabay

O número de pessoas que fumam diminuiu 30,7% nos últimos nove anos no Brasil, segundo estudo de 2014 do Vigitel. Entre os possíveis motivos está a veiculação de propagandas de conscientização sobre o uso do tabaco e a lei, em vigor desde 3 de dezembro de 2014, que proíbe fumar em ambientes fechados.

O professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, André Márcio Murad, esclarece essa influência. “A diminuição está relacionada com o fato de, além da própria saúde, os fumantes começaram a se preocupar com as pessoas que estão ao seu redor”, explica.

Entre os problemas de saúde associados a esse hábito, Murad aponta o câncer como a principal. Além de afetar o pulmão, também prejudica outras partes do corpo, como boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, bexiga, rins e útero. “Mesmo os que não fumam estão expostos a esses riscos. Os fumantes passivos inalam a fumaça, retém cerca de ¼ de nicotina e têm 25% de chance de ter câncer”, alerta Murad.

Jovens dependentes

A prática do fumo pode iniciar ainda quando adolescente, pelo desejo dos jovens por novas experiências ou pela convivência com pessoas que fumam. Nesses casos, a idade pode aumentar a possibilidade de se tornarem dependentes. É o que conta a médica e membro da Comissão de Prevenção e Controle do Tabagismo no campus Saúde da UFMG, Maria das Graças Rodrigues de Oliveira.

“Cerca de 90% dos fumantes ficam dependentes antes dos 20 anos de idade. A cada dois adolescentes que experimentam o fumo, um vai se tornar dependente da nicotina, porque é uma droga pesada e, nessa faixa etária, o cérebro ainda é imaturo”, afirma Maria.

Cigarro e café

Um hábito comum entre os fumantes é tomar café. De acordo com Murad, o cheiro do tabaco estimula esta prática e vice-versa, pois as duas substâncias provocam a vontade de consumi-las sempre mais.

A médica Maria das Graças completa ao informar que a dependência está ligada ao efeito da droga no cérebro, por aspectos psicológicos, como ao proporcionar a sensação de prazer e recompensa. Isso se acentua, principalmente, nos momentos de estresse, depressão ou por condicionamentos, aqueles momentos em que os tabagistas usam o ato de fumar para ter um “sair” da realidade.

Apesar de difícil, é possível parar

Murad defende que para deixar o vício definitivamente de lado, o ideal é suspender o tabaco de uma vez só, não ir diminuindo aos poucos. “No início, o fumante poderá ter uma crise de abstinência, por sentir falta da nicotina no corpo. Mas essas dificuldades podem deixar de existir quando tomam antidepressivos que ajudam a diminuir a vontade do cigarro”, esclarece.

Além dessa, há outras possibilidades como sessões de terapia cognitiva comportamental. “Nesses tratamentos são trabalhados os aspectos psicológicos, os condicionamentos e o uso de medicamentos para a redução da vontade de fumar e o alívio dos sintomas da síndrome de abstinência”, finaliza Maria das Graças.