Tabagismo: prejuízos à saúde da produção ao descarte
Na semana do Dia Nacional de Combate ao Fumo, Saúde com Ciência destaca outras consequências negativas do tabagismo, que vão além do hábito de fumar
26 de agosto de 2016
Na semana do Dia Nacional de Combate ao Fumo (29/8), Saúde com Ciência destaca outras consequências negativas do tabagismo, que vão além do hábito de fumar
Pessoas que trabalham na produção dos derivados do tabaco, quem tem contato próximo com os tabagistas – os chamados fumantes passivos – e mesmo que não tem, têm sua saúde influenciada por fatores ligados a uma das drogas mais consumidas do mundo. Apesar de os prejuízos mais conhecidos do tabaco estarem associados aos fumantes, as consequências negativas de fumar envolvem desde sua produção até o descarte do cigarro.
Normalmente, o cultivo do fumo originado da planta do tabaco inclui o uso de agrotóxicos para combater pragas, que são comuns a esse tipo de plantação. A exposição do trabalhador rural a essas substâncias pode desencadear, por exemplo, intoxicações e transtornos depressivos. Outro problema frequente é conhecido como doença da folha verde, que tende a ocorrer durante o processo de colheita do tabaco.
Quem explica é a médica sanitarista Maria das Graças Oliveira, profissional da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte. “Quando o indivíduo vai colher a folha e ela está molhada de orvalho ou chuva, desprende nicotina dela e aí entra pela pele dos agricultores, dando uma intoxicação que provoca tonturas, vômitos e náuseas. É uma coisa muito séria”, alerta.
Fumantes passivos também podem ser afetados em ambientes com pouca ventilação e escape para a fumaça do cigarro, uma vez que a porção de fumaça não inalada pelo fumante pode ser até mais prejudicial para a saúde, como esclarece Maria das Graças: “Naquela fumaça da ponta do cigarro, tem três vezes mais nicotina e monóxido de carbono do que a inalada pelo fumante, mais de cinquenta vezes a dimetilnitrosamina, que é uma substância cancerígena”.
Quem não é fumante passivo ou trabalha na produção do fumo não escapa de eventuais danos provocados pelo consumo do tabaco. Os restos de cigarro ou “bitucas”, que são descartados no chão e levados aos rios por meio do sistema de esgoto, comprometem o ecossistema aquático.
“O problema no entorno das cidades onde ainda existem matas é que essas ‘bitucas’ são disparadoras de incêndio. Imagina uma cidade como Belo Horizonte, que já sofre com problemas de poluição veicular, no momento em que ela está concentrada, as pessoas estão levando para dentro de seus pulmões uma carga grande desses poluentes”, acrescenta o professor da Faculdade de Medicina e coordenador do Projeto Manuelzão da UFMG, Antônio Radicchi.
Danos reversíveis
Mais de cinquenta doenças estão associadas ao fumo e, praticamente, não há função do organismo que passe imune aos anos de dependência. Mas o corpo humano tem uma “incrível” capacidade de recuperação, de modo que o indivíduo que interrompe o hábito pode obter condições de saúde semelhantes ao de uma pessoa que não foi dependente.
Maria das Graças Oliveira expõe, de forma gradativa, as mudanças que acontecem no corpo de um ex-tabagista. “Após duas horas que ele para de fumar, não há mais nicotina no sangue; depois de seis horas, a frequência cardíaca e a pressão arterial diminuem; de 12 a 24 horas, não há mais monóxido de carbono no sangue; após um ano, o risco de infarto cai pela metade e, com cinco a dez anos, iguala a de quem nunca fumou; após 15 anos, o risco de câncer de pulmão diminui e quase iguala ao de quem não fuma”, calcula.
Sobre o programa de rádio
O Saúde com Ciência é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.
O programa também é veiculado em outras 178 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.