Centro de Memória da Faculdade recebe visita de grupo de cegos

Atividade ressaltou importância da acessibilidade e inclusão no espaço


12 de março de 2020 - ,


Foto: Carol Morena

Nesta quinta-feira, 12 de março, a Associação de Cegos Santa Luzia visitou o Centro de Memória da Faculdade de Medicina da UFMG (Cememor). Além de conhecer grande parte do acervo do espaço, a atividade pôde promover a inclusão no museu. De acordo com a historiadora do Cememor, Ethel Mizrahy, há dois anos já havia uma tentativa de tornar o espaço mais acessível.

“Essa foi uma visita histórica. É a primeira vez que a gente recebe um grupo de visitantes cegos. Isso é importante para adaptarmos nossa estrutura e fazer um roteiro especifico, para que possamos receber mais pessoas”,

Ethel Mizrahy

O estudante de Museologia e estagiário do Cememor, Alexandre Guilherme, quem guiou os visitantes pelo museu, disse que o roteiro foi preparado, inclusive para eliminar riscos de acidentes. Na oportunidade, os visitantes foram apresentados a mesas antigas de raio X, microscópios, talas, incubadoras de prematuros, consultório de Juscelino Kubitscheck, seringas antigas, entre outros.

“Essa visita foi muito interessante para nos dar a resposta do que devemos melhorar no espaço e ser mais inclusivo. Por exemplo, aumentar o espaço no corredor e o acesso ao vão central, para facilitar a mobilidade; afastar objetos que oferecem mais riscos e, deixar mais acessíveis os que não oferecem. Além disso, seria importante colocar o piso podotátil para ajudar a guiá-los ao longo do museu”, afirmou Alexandre. Ele também afirmou que o Cememor havia pensado em colocar legenda dos acervos em braile, mas entenderam que seria mais enriquecedor uma pessoa guiar pelo museu.

A experiência para os visitantes

Foto: Carol Morena

Renata Araújo, assistente social na Associação de Cegos de Santa Luzia, acompanhou a visita e relatou a importância dessa inclusão: “É muito bom que eles ocupem esses locais, porque antes não tinham visibilidade e agora eles têm mais espaço. Então incluí-los na sociedade é muito enriquecedor”.

O aposentado Ademir Lúcio, de 63 anos, um dos associados, contou que visitar o Cememor foi uma grande oportunidade. “Antes eu trabalhava em indústria e não tinha tempo de visitar esses locais. Achei o museu muito interessante, porque nunca tive acesso a esses instrumentos médicos antigos. Agora que conheci, espero voltar mais vezes”, relatou.

Provisoriamente na Associação, Dileno dos Santos, de 36 anos, também relatou que nunca teve contato com um acervo como o do Cememor. “Meus pais e avós falavam de alguns instrumentos como esses, mas nunca tinha presenciado e entendido como funcionava. Gostaria de agradecer à Faculdade por abrir esse espaço e nos dar a oportunidade de visitar. Foi muito enriquecedor”, disse.

A vendedora autônoma, Teresinha do Carmo, de 64 anos, relatou, inclusive, a vontade de voltar mais vezes e trazer suas poesias. “Eu escrevo desde criança, quando aprendi braile. Antes, as poesias ficavam guardadas na gaveta, mas ano passado fui reconhecida por um grupo de teatro”, comentou. Ela ainda se interessou pelo Projeto Vida após a Vida, após ter sido mencionado na visita, e decidiu se cadastrar como doadora.

Fotos: Carol Morena

Conheça o Cememor! Acesse www.medicina.ufmg.br/cememor.