A importância do tratamento interdisciplinar na Doença de Parkinson

Saúde com Ciência desta semana fala sobre os tratamentos da Doença de Parkinson e assuntos relacionados


23 de março de 2018


Saúde com Ciência desta semana fala sobre os tratamentos da doença de Parkinson e assuntos relacionados

Marcos Paulo Rodrigues*

Com a complexidade e peculiaridades da doença de Parkinson refletidas nos variados sintomas apresentados por cada indivíduo, existe a necessidade de um tratamento individualizado, passível de mudanças de acordo com a progressão da doença e comprometimento das atividades diárias do paciente. Para benefícios mais perceptíveis à saúde do indivíduo, esse tratamento requer uma abordagem interdisciplinar, que possa incluir diferentes profissionais da saúde.

Os primeiros sintomas da doença de Parkinson podem ser leves e passar despercebidos, variando de pessoa para pessoa. Inicialmente, é comum que eles se manifestem em um lado do corpo, com indícios como a diminuição da amplitude de movimentos e locomoção, tremores, rigidez muscular e até alterações na fala. Esses são os sintomas motores, que influenciam diretamente na execução de atividades cotidianas, como se alimentar e abotoar camisas.

O indivíduo também pode apresentar sintomas não motores, como perda de olfato, transtornos do sono e dores aleatórias. Quadros de ansiedade ou depressão devem ser cuidadosamente observados. O neurologista e professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Francisco Cardoso, afirma que os indícios e condições da doença irão definir os profissionais que serão importantes para um tratamento que proporcione melhor qualidade de vida ao paciente.

Foto: Reprodução

Além dos médicos, geralmente neurologistas, recomenda-se que sejam procurados profissionais que tenham familiaridade com as características da doença de Parkinson. “Atividade física é crucial para o bem estar de quem tem a doença, então, de modo geral, fisioterapeutas devem fazer parte dessa equipe”, observa Francisco Cardoso. Ele também destaca a importância do fonoaudiólogo no tratamento do quadro, já que o profissional auxilia no controle das alterações da fala e dificuldades de deglutição, evitando o engasgo do indivíduo.

O professor acrescenta, com outros exemplos: “Há uma série de medidas em que o terapeuta ocupacional é de grande importância para o tratamento. Em alguns contextos, o nutricionista participa e é importante”. Para o tratamento de sintomas não motores como ansiedade ou depressão, torna-se essencial o apoio psicológico ao paciente.

Influência do ambiente

A doença de Parkinson se caracteriza pela falta de dopamina no sistema nervoso central, resultado da degeneração das células situadas em uma região do cérebro conhecida como substância negra. A perda de neurônios que produzem a dopamina gera um distúrbio dos movimentos. De acordo com a neurologista e professora da Faculdade de Medicina, Sarah Camargos, em cerca de 10% dos pacientes podem ser percebidas causas genéticas. Nos outros 90%, as causas podem resultar da combinação de fatores genéticos e ambientais. “Existem algumas evidências que moradores de áreas rurais têm maior incidência da doença. Pode haver a influência de algum pesticida ou algo do gênero, isso ainda é objeto de pesquisas”, revela.

Por outro lado, o consumo regular de café influencia na diminuição da incidência da doença. Os “bebedores de café”, de uma dose mais alta de cafeína, apresentam menor incidência quando comparados aos indivíduos que não tomam café. “Isso não significa que o café seja um protetor absoluto. O que a gente quer dizer é que há uma interação com o ambiente, aliada a uma influência dos genes”, resume Sarah Camargos.

Sobre o programa de rádio

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.

O programa também é veiculado em outras 187 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.

*Redação: Marcos Paulo Rodrigues – estagiário de Jornalismo

Edição: Lucas Rodrigues