Acompanhamento multidisciplinar da Síndrome de Down pode fazer a diferença
Saúde com Ciência aborda os diversos aspectos da Síndrome de Down, desde o seu diagnóstico até o desenvolvimento da criança
15 de agosto de 2015
Saúde com Ciência aborda os diversos aspectos da Síndrome de Down, desde o seu diagnóstico até o desenvolvimento da criança
Idalina Noronha é mãe de Heitor, de um ano e quatro meses. Quando seu bebê nasceu, ele recebeu o diagnóstico da Síndrome de Down. O que mais surpreendeu Idalina, naquele momento de expectativa, foi a forma que lhe transmitiram a notícia. “Faltou cuidado e profissionalismo, nós não nos sentimos acolhidos. Acho que ao dar o diagnóstico da Síndrome de Down ou qualquer outro problema, o médico deve ser acolhedor”, opina.
Um dos especialistas entrevistados do Saúde com Ciência, o professor titular do Departamento de Pediatria da Faculdade, Marcos Aguiar, ressaltou a importância desse cuidado no momento do diagnóstico. “A atitude do médico é fundamental, para que os pais consigam entender que é possível lidar com a síndrome e que cada criança é de um jeito. Ou seja, o seu potencial de desenvolvimento é variável, dependendo da forma como ela é aceita na família e dos estímulos que recebe desde o seu nascimento”.
Condição genética causada pela presença de um cromossomo extra no par 21, a Síndrome de Down tem, segundo Aguiar, 96% dos casos decorrentes de uma trissomia livre do cromossomo 21. “Em todas as nossas células, nós temos 46 cromossomos. Eles estão aos pares, ou seja, nós temos duas cópias de cada – uma que veio do pai e outra da mãe. Na Síndrome de Down, o cromossomo 21 recebe três cópias, responsáveis pelo surgimento da condição”, definiu o professor. A trissomia também pode acontecer por uma translocação, quando o cromossomo 21 está ligado a outro cromossomo, não necessariamente por acidente.
A síndrome, portanto, não é considerada doença e ocorre principalmente por acidente genético. Logo, apesar dos chamados grupos de risco – mulheres acima dos 35 anos e casais que já tiveram filhos com a condição podem ter maior prevalência – e da estimativa de 270 mil pessoas no país em 2012, ninguém está imune.

Síndrome de Down, ou Trissomia do Cromossomo 21, é a forma mais comum de deficiência mental congênita. Crédito da foto: interacaototal.zip.net
O diagnóstico costuma ser feito após o nascimento da criança, quando são identificadas algumas características típicas da síndrome e confirmado em um prazo de 30 dias, através do exame do cariótipo. Nele é feito um mapeamento dos cromossomos da criança para identificar a presença do cromossomo 21 extra. De acordo com Marcos Aguiar, o exame também pode ser solicitado durante a gestação.
Aguiar ainda orientou que, diagnosticada a condição, a família passe os primeiros três meses dedicados a conhecer as características do bebê, antes de dar início a um acompanhamento médico multidisciplinar.
Acompanhamento interdisciplinar na infância
Além dos cuidados rotineiros com a saúde da criança, a que apresenta a Síndrome de Down deve receber um acompanhamento multidisciplinar desde os primeiros meses de vida. Também entrevistada pelo programa, a professora do Departamento de Pediatria, Ana Maria Lopes, citou alguns profissionais para ajudar nas possíveis limitações.
“Seja da fonoaudiologia para trabalhar dificuldades de linguagem, da terapia ocupacional ou da psicologia para trabalhar também o processo de inclusão e aceitação no ambiente familiar”. Ana Maria ainda lembrou que cada criança se desenvolve de uma maneira. Por isso, esse acompanhamento deve ser individualizado, a fim de atender satisfatoriamente aquela criança e garantir que, no futuro, ela se torne um adolescente e adulto autônomo.
Para entender melhor o assunto, o Saúde com Ciência apresenta, entre os dias 17 e 21 de agosto, a série Descobrindo a Síndrome de Down.
Sobre o programa de rádio
O Saúde com Ciência é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira às 5h, 8h e 18h, ouça o programa na rádio UFMG Educativa, 104,5 FM.
Ele também é veiculado em outras 149 emissoras de rádio, que estão inseridas nas macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.