Acolhimento e educação para famílias do Programa de Triagem Neonatal de MG
Conheça o trabalho do Centro de Educação e Apoio Social do Nupad.
05 de junho de 2017
Conheça o trabalho do Centro de Educação e Apoio Social do Nupad para a promoção da saúde.
Com nova consulta marcada em Belo Horizonte para a filha Maria Gabriela, de 4 anos, em acompanhamento para a fibrose cística, Ângela Rodrigues repetiu em abril deste ano a rotina que realiza, periodicamente, desde o nascimento da filha: viajou de ônibus por cerca de 8 horas do município onde mora, Porteirinha, norte de Minas Gerais, até a capital mineira. No início da manhã, já na rodoviária de BH, ao lado de Gabriela e da irmã, Marinete Rodrigues, aguardou o motorista que as levaria ao Centro de Educação e Apoio Social (Ceaps), pertencente ao Nupad da Faculdade de Medicina da UFMG, para, em seguida, ser encaminhada com a filha ao ambulatório.
Maria Gabriela foi diagnosticada com fibrose cística a partir da triagem neonatal (teste do pezinho) e, desde então, é acompanhada pelo Programa de Triagem Neonatal de Minas Gerais (PTN-MG), ação da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) executada pelo Nupad desde 1993. Ângela e a filha representam uma dentre as mais de 120 famílias recebidas semanalmente pelo Ceaps, espaço criado pelo Nupad para desenvolver ações educativas e prestar apoio social aos usuários de todo o estado atendidos pelo PTN-MG.
“Esse é um local de acolhimento, a gente quer que a família se sinta segura”, diz a coordenadora do Ceaps, Isabel Castro. Para Isabel, que é psicóloga, o Centro funciona como um espaço complementar no enfrentamento do diagnóstico após a triagem neonatal e na compreensão do tratamento: “Nosso objetivo é a atenção integral ao usuário. Entendemos que as ações de Educação fortalecem familiares e pacientes e, assim, provocam uma melhoria na adesão ao tratamento”.
Para garantir esse trabalho, o Centro de Educação e Apoio Social conta com uma equipe de 21 pessoas, entre estagiários e profissionais das áreas administrativas, de Psicologia, Serviço Social, Pedagogia e Nutrição. As atividades envolvem a recepção e acolhimento dos usuários, com serviços de transporte, cozinha, refeitório, berçário, banheiro e salas de descanso; controle sobre horários e encaminhamento para locais de consulta e exames; dispensação de medicamentos para algumas doenças a partir do fornecimento pela SES-MG; e orientação de suporte. O espaço tem ainda uma brinquedoteca, compartilhada por crianças, adolescentes e familiares, onde são feitas atividades que associam o lúdico e a educação na busca da promoção da saúde.
“Nossa função é bem diversificada e reflete no tratamento das crianças. Cada família é uma história”, conta a gestora de apoio assistencial do Ceaps, Ana Amélia Vieira. “Lembro da Maria Gabriela pequenininha, de quando o resultado do teste do suor (exame que confirma a fibrose cística) deu positivo, da correria para a primeira consulta. E a agora ela está aí grande, bem. O sorriso deles é a maior recompensa”, pontua a funcionária.
Apoio do ambulatório
No Ambulatório São Vicente do Hospital das Clínicas da UFMG (HC/UFMG), local de atendimento das crianças com fibrose cística acompanhadas pelo PTN-MG e demais doenças diagnosticadas pelo Programa, como hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, deficiência de biotinidase e hiperplasia adrenal congênita, Maria Gabriela passa por consultas periódicas com diferentes especialistas, entre gastroenterologista, nutricionista e fisioterapeuta. Em seu primeiro ano de vida, as idas ao ambulatório ocorriam mensalmente, agora são marcadas a cada dois ou três meses. “Estamos vindo e ela está melhorando. Nunca deixamos de vir em uma consulta”, afirma a mãe.
Para orientar as famílias que chegam ao ambulatório, como no caso de Maria Gabriela, e também auxiliar os profissionais de saúde na rotina dos atendimentos, o Ceaps conta atualmente com três profissionais de apoio. Uma delas é Maria do Socorro Miranda, há três anos no Nupad. Entre as atividades realizadas por ela no ambulatório estão a recepção dos pacientes, a entrega dos prontuários aos profissionais, o controle da agenda de consulta e a atualização dos dados cadastrais dos usuários. Segundo a funcionária, o número de pacientes atendidos pode chegar a 20 por dia. “É muito gratificante trabalhar aqui. Nunca imaginei que existissem essas doenças e que eram tratadas desta forma, com tanto carinho e responsabilidade. Fico feliz de poder ajudar”, declara.
Jarilda Rodrigues também faz parte da equipe de apoio do Ceaps e atua nos ambulatórios há mais de 12 anos. No serviço, ela auxilia ainda na medição e pesagem dos pacientes antes da consulta: “Amo o que faço e meu maior orgulho é ver as crianças bem. As famílias são muito gratas conosco”.
Em outra frente de trabalho, a auxiliar de Serviços Gerais do Nupad, Simone Moreira, responsável por fazer o café, servir o almoço e repor o material de limpeza do Ceaps, dentre outras atividades, reconhece esse carinho por parte das famílias: “Tem crianças que vêm e nos abraçam. Me sinto feliz e útil. É muito bom saber que eu acrescento algo na vida delas”.
Orientação de suporte
No Ceaps, crianças e responsáveis em acompanhamento pelo PTN-MG têm à disposição uma equipe multiprofissional capacitada a orientá-las em diferentes situações. Como explica a assistente social do Centro, Graziela Maria, uma das formas é o acolhimento informativo, direcionado, frequentemente, às famílias que aguardam o resultado do teste do suor: “Apresentamos o espaço do Ceaps, explicamos o que é o teste e o porquê de ter sido feito, além da possibilidade dos resultados”. De acordo com Graziela, nem sempre o resultado negativo significa tranquilidade para a família, pois em muitos casos ela quer entender a razão da alteração inicial que demandou o exame confirmatório para a fibrose cística. “A alteração pode ser por diversos motivos, pela coleta, pelo organismo da criança. Então tentamos minimizar a angústia da família. É diferente de só entregar o resultado e ela nem saber porque veio”, afirma.
Ainda, a equipe oferece o acolhimento de primeira consulta aos usuários que já iniciaram o acompanhamento para alguma das doenças da triagem neonatal. “Muitas vezes a gente faz essa orientação depois que a família já voltou da consulta, então ela já conversou com o médico e a gente consegue levantar se ela entendeu tudo, se teve vergonha de perguntar algo”, comenta a assistente social. Nesse sentido, os profissionais têm a oportunidade de reforçar as instruções de alimentação e uso de medicamentos, de acordo com cada doença.
Jarilda Rodrigues também faz parte da equipe de apoio do Ceaps e atua nos ambulatórios há mais de 12 anos. No serviço, ela auxilia ainda na medição e pesagem dos pacientes antes da consulta: “Amo o que faço e meu maior orgulho é ver as crianças bem. As famílias são muito gratas conosco”.
Em outra frente de trabalho, a auxiliar de Serviços Gerais do Nupad, Simone Moreira, responsável por fazer o café, servir o almoço e repor o material de limpeza do Ceaps, dentre outras atividades, reconhece esse carinho por parte das famílias: “Tem crianças que vêm e nos abraçam. Me sinto feliz e útil. É muito bom saber que eu acrescento algo na vida delas”.
Por fim, há o acolhimento de suporte, quando algum profissional do Serviço Social, Nutrição, Psicologia ou Pedagogia do Ceaps é demandado pelo apoio assistencial para acompanhar uma família, podendo o atendimento também ser solicitado pelo próprio usuário. Com isso, para Graziela, é possível qualificar a informação: “É gratificante a gente poder contribuir não só com o Nupad, mas com o resgate da cidadania. Quando a gente atende cada pessoa com essa atenção é diferente de falar no geral. Se a gente observa uma família que não está aderindo ao tratamento, por exemplo, a gente consegue fazer uma articulação com o município”.
Para a coordenadora Isabel Castro, as ações do Ceaps, em conjunto, fortalecem as famílias para que elas deem conta do processo de tratamento: “A gente não quer ser um centro de assistência. O tempo todo o que fazemos é reforçar no sujeito do que ele é capaz, a ação é deles”.
Ângela, mãe de Maria Gabriela, conhece essa realidade. Ela se recorda do primeiro dia em que esteve em Belo Horizonte e das dificuldades que enfrentou ao saber do diagnóstico da filha: “A primeira vez foi difícil! Foram duas famílias da mesma cidade para fazer confirmatório, mas só o da minha filha deu positivo”. Na oportunidade, a mãe recebeu orientações do assistente social do Ceaps, que tirou suas dúvidas sobre a fibrose cística. “A gente pensava que a doença ia piorar cada vez mais, mas ele explicou que não, e que ia ficar melhor para tomar os remédios. Ainda hoje, de vez em quando conversamos com a psicóloga. Aqui temos atenção e amor, todos têm muita paciência com a gente”, completa.