Sobem casos de violência doméstica e consumo de álcool na quarentena
OMS e ONU Mulheres lançaram artigos com diretrizes sobre os temas. Especialistas avaliam o cenário brasileiro
18 de maio de 2020 - alcoolismo, coronavírus, Covid-19, quarentena, rádio, saúde com ciência, violência, violência contra a mulher
Em tempos de confinamento social, não é só a pandemia do coronavírus que exige cuidados. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e com a ONU Mulheres, deve haver um aumento nos casos de violência contra mulheres e meninas, além do aumento no consumo de álcool, especialmente por pessoas que têm tendências ao alcoolismo.
Segundo dados da Associação Brasileira de Bebidas, a venda de bebidas alcoólicas caiu 52% entre 15 e 31 de março, quando começaram as medidas de isolamento. A queda ocorre devido ao fechamento de bares, restaurantes e casas noturnas, locais em que ocorre o consumo de 61% das bebidas. Já outros países, como Rússia e Estados Unidos, a tendência é outra: houve um aumento no consumo de álcool durante o distanciamento social. Para a professora do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, Tatiana Mourão, é preciso tomar medidas que controlem o acesso às bebidas alcoólicas.
As diretrizes da OMS incluem não ficar embriagado na frente dos filhos, não consumir bebidas alcoólicas durante o horário de trabalho e não misturar álcool com remédios. Clique aqui e leia o folheto informativo da Organização.
Pandemia silenciosa
Segundo estudo conduzido pelo Fundo de População das Nações Unidas, deve haver um aumento de 20% no número de casos de violência doméstica durante as medidas de isolamento social. Em artigo publicado pela ONU Mulheres, a diretora executiva da Organização e vice-secretária geral das Nações Unidas declarou que a violência contra mulheres e meninas é uma “pandemia das sombras”, que já era um problema antes da pandemia da covid-19, mas, com o isolamento de mulheres com parceiros violentos, coloca a segurança de mulheres em situação de maior vulnerabilidade.
Para se ter uma ideia, antes da existência do coronavírus, 243 milhões de mulheres e meninas, entre 15 e 49 anos, sofreram algum tipo de violência. Depois do isolamento, alguns países, como Argentina, Canadá, França, Alemanha, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos, já registraram aumento de pedidos de ajuda, na Austrália, esse número chega a 40%.
A professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG e coordenadora do programa Para Elas, Elza Machado, destaca como o contexto da pandemia pode influenciar nos casos de violência doméstica. “Primeiro, porque estamos todos confinados e sofrendo dentro de casa. Segundo, porque, com o isolamento, muita gente parou de trabalhar e não tem o salário garantido e está com a própria sobrevivência comprometida. Também há lugares em que as acomodações são pequenas e todo mundo fica confinado junto. Então, realmente há a criação de um ambiente para o agressor ficar mais nervoso, mais irritado, com os problemas se avolumando, com o medo e a angústia”, afirma
Rede de proteção
A orientação dos organismos internacionais é que a rede de proteção à mulher seja considerada serviço essencial durante a quarentena. As denúncias podem ser feitas pelo disque 180. O projeto Para Elas tem atendimento presencial às sextas-feiras, de 8 ao meio-dia no hospital das clínicas da UFMG. Além disso, está sendo implementado o atendimento profissional à distância.
Saúde com Ciência
Nessa semana, o programa de rádio aborda problemas comuns no isolamento social. Além do consumo de álcool e da violência doméstica, também são abordados problemas na alimentação. Confira a programação:
:: Alcoolismo
:: Compulsão alimentar
:: Mudanças na dieta
:: Divórcios
:: Violência doméstica
Sobre o Programa de Rádio
O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify.