Artigo de professora da Clínica Médica é premiado nos EUA

Trabalho sobre combate às coagulopatias hereditárias já havia sido premiado há quatro anos na Austrália


10 de dezembro de 2019 - , , ,


Professora durante o evento na Sociedade Americana de Hematologia. Foto: Acervo pessoal.

A professora Suely Rezende, do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, recebeu o Prêmio da Sociedade Americana de Hematologia, pelo trabalho “Building a National Program on Inherited Bleeding Disorders in Brazil”. O artigo escrito pela pesquisadora explica a montagem do “Programa Nacional de Coagulopatias Hereditárias”, desenvolvido pelo Ministério da Saúde desde 2004. A entrega ocorreu no dia 8 de dezembro.

Suely conta que o Programa é importante pois é amplo e apresenta bons resultados. “Construímos um projeto estratégico de diagnóstico, tratamento e compra de medicamentos”, relata. “Além disso, temos um banco de dados nacional via web, que é o registro nacional dos pacientes”, continua a professora, que recebe o prêmio em nome do Ministério. 

O destaque internacional do plano também é reconhecido. Isso porque os resultados nacionais são melhores do que os dos outros países que têm realidades próximas à brasileira. “Estamos na frente da China, da Índia e da Rússia. Se pegarmos grandes países em proporção de habitantes, conseguimos ultrapassar todos eles em qualidade de programa”, afirma. 

Efeitos na prática: Estudo realizado na Faculdade de Medicina mostrou que a mortalidade e o número de internações dos pacientes com hemofilia no Brasil apresentou queda relevante a partir de 2008. A data coincide com a implementação das políticas públicas do Programa Nacional.

Atenção necessária

Embora essas doenças não atinjam uma grande parte da população, um programa nacional é importante, já que os casos são graves e podem levar à morte. “São doenças hemorrágicas hereditárias, que as pessoas já nascem com elas e durante a vida desenvolvem hemorragias”, explica. “Esses indivíduos dependem a vida inteira do tratamento, pois se não podem vir a morrer de hemorragia”, alerta.

A situação é ainda mais complicada, já que o tratamento para essas doenças, muitas vezes, é inviável para a população. “Como o tratamento da doença é muito caro, não está disponível via convênios ou via particular”, relata. “Podemos falar que praticamente todos os pacientes do Brasil com hemofilia estão inseridos nesse programa do SUS e recebem os fatores comprados pelo setor público”, prossegue. Atualmente, o Programa é o 3º maior em termos de custo para comprar medicamentos excepcionais, ou seja, para doenças raras. 

UFMG pelo mundo

A professora relata estar muito feliz em levar consigo o nome UFMG. “O que quero é trazer comigo o nome da instituição que trabalho e esse é um momento ímpar de levar para o maior congresso de hematologia do mundo”, afirma.

Para o futuro, o projeto deve se tornar uma publicação na revista da Sociedade Americana de Hematologia.