Atletas amadores e profissionais estão sujeitos a fraturas por sobrecarga


18 de junho de 2018


Nova série do Saúde com Ciência destaca algumas lesões comuns no esporte

Warlen Valadares*

Cada vez mais recomendada pelos médicos e realizada por milhões de brasileiros, a prática esportiva traz muitos benefícios à saúde. No entanto, atletas amadores e profissionais podem apresentar pequenas lesões nos ossos conhecidas como fraturas por estresse ou sobrecarga. Com o tempo, pode ocorrer o agravamento dessas lesões, prejudicando o desempenho do indivíduo. Realizar o exercício sem o calçado adequado, não planejar adequadamente as rotinas de treinamento, exagerar na intensidade e no tempo da atividade física ou praticá-las em locais inapropriados são as principais causas dessas fraturas.

“Quando nos preparamos para uma maratona, de seis quilômetros passamos a correr 15, por exemplo. Nesse caso, aumentamos a intensidade e a carga do exercício para uma estrutura corporal que não está adaptada naquele momento”, esclarece o ortopedista, cirurgião do pé e tornozelo e professor do Departamento do Aparelho Locomotor da Faculdade de Medicina da UFMG, Daniel Baumfeld.

Ainda segundo o professor, a preparação física de um esportista de alto rendimento deve ser sempre gradual e cuidadosa para evitar lesões. “Um atleta que está se preparando para uma Olimpíada ou uma Copa do Mundo, como estamos vendo agora, sem dúvida, tem uma predisposição maior a esse tipo de lesão, porque ele está focado em atingir o ápice da sua preparação. Então, muitas vezes ele se dedica demais, aumenta muito sua atividade e pode sofrer sobrecargas”, aponta Daniel.

Foto: reprodução Pixabay

No futebol, a tíbia, que é o osso da canela; os maléolos, proeminências ósseas na articulação do tornozelo; e o quinto metatarso, osso que liga a lateral do pé ao dedo mínimo, são algumas das estruturas mais suscetíveis às fraturas por sobrecarga. Em fevereiro deste ano, após uma entorse no tornozelo direito em partida do campeonato francês, o atacante do Paris Saint-Germain e da seleção brasileira, Neymar Jr., sofreu uma lesão no quinto metatarso e foi submetido à cirurgia para implantação de um “parafuso” nesse osso.

Segundo o ortopedista, esse tipo de lesão raramente provoca fratura completa da área cortical – camada mais dura e externa do osso. Por isso, lesões por estresse ou sobrecarga também são conhecidas como “fraturas invisíveis”, pela dificuldade de serem detectadas por radiografias em suas fases iniciais. Daniel Baumfeld esclarece que existem exames mais modernos, como a cintilografia e a ressonância magnética, para o diagnóstico adequado dessas lesões.

Para que o tratamento seja bem-sucedido é fundamental que a sobrecarga seja interrompida, evitando o agravamento da lesão e o comprometimento dos tecidos locais. Consultar o médico, se possível um especialista em esporte, e seguir corretamente as orientações do educador físico são medidas para evitar possíveis complicações das fraturas por sobrecarga.

Medicina esportiva

O reconhecimento e a divulgação dos benefícios da atividade física contribuíram para o aumento do número de esportistas nas últimas décadas em todo o mundo. Com o objetivo de prestar assistência de saúde adequada a esses atletas, surgiu uma nova especialidade conhecida como medicina esportiva, que atua principalmente na prevenção e tratamento das diversas lesões associadas à prática esportiva.

Segundo o também ortopedista, cirurgião do joelho e professor do Departamento do Aparelho Locomotor da Faculdade de Medicina da UFMG, Guilherme Abreu, fisioterapeutas, educadores físicos, nutricionistas e outros profissionais da saúde também estão envolvidos nesse trabalho interdisciplinar. “Outras áreas da medicina, como a cardiologia, pneumologia, endocrinologia e ginecologia são importantes para que o atleta tenha uma avaliação de saúde mais ampla, contemplando todas as alterações possíveis na vida de um individuo que pratica esportes”, destaca.

Sobre o programa de rádio

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.

O programa também é veiculado em outras 187 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.

*Redação: Warlen Valadares – estudante de Jornalismo
Edição: Larissa Rodrigues