Aumenta o número de pessoas diagnosticadas com diabetes na pandemia. Entenda o motivo

Obesidade e predisposição podem ser principais fatores para desenvolvimento da doença


01 de dezembro de 2021


*Maria Beatriz Aquino

A covid-19 já fez muitas vítimas, sendo responsável por mais de 5 milhões de mortes até o momento. Mas existem outras estatísticas que preocupam especialistas e indicam que o mundo pode estar em uma nova pandemia: a de diabetes. Apenas neste ano, a doença foi a causa de 6,7 milhões de mortes em todo o mundo. De acordo com o Atlas do Diabetes, divulgado pela Federação Internacional de Diabetes, o número de pacientes aumentou consideravelmente durante a pandemia, indo de 463 milhões de diabéticos em 2019 para 537 milhões em 2021.

O professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Josemar Moura, afirma que o risco de desenvolver o diabetes tipo 2 está, principalmente, nas pessoas que apresentam concentração de gordura na circunferência abdominal. E que a obesidade é um dos principais fatores de risco para a doença junto ao agente hereditário. Como esse é um problema de saúde que também teve aumento, pode estar associado ao índice expressivo de diabetes nos últimos anos. Por isso, o professor orienta sempre manter o acompanhamento médico.

“Diabetes é uma doença assintomática na fase inicial. Por isso, quem tem histórico familiar da doença e está com quadro de sedentarismo e aumento de peso, recomenda-se procurar assistência e manter o controle”

Sobre os tipos de diabetes, o professor comenta que o 2 é o mais comum, presente em 90% dos pacientes acima de 40 anos, com risco aumentado para casos de sedentarismo, obesidade e hereditariedade. Já o tipo 1 acomete mais crianças e adolescentes e tem relação com doenças autoimunes. Neste caso, o tratamento começa com uso de insulina desde o início da vida.

Sintomas

Mesmo sendo uma doença silenciosa, o diabetes pode desenvolver sintomas evidentes em até cinco anos. As primeiras manifestações podem surgir com a urina em excesso ou em maiores frequências, sensação de boca seca e consequente aumento de sede. Para estágios mais avançados, é preciso ficar atento a perdas de peso com frequência e aumento da fome.

Josemar Moura chama atenção ainda às consequências advindas com a doença. Ele esclarece que enfermidades como cegueira, infarto, derrame, insuficiência renal podem surgir com o passar dos anos e agravar o quadro clínico. Nestes casos, o diabetes ainda pode provocar a doença vascular arterial periférica, que compromete a circulação e pode resultar até em perda de membros.

“Muitas vezes há uma obstrução, um entupimento das artérias da circulação arterial dessas pessoas e isso pode gerar a perda de alguma extremidade do corpo”, alerta o especialista.

Tratamentos e prevenções

Durante a pandemia, 60% dos brasileiros deixaram de controlar o diabetes, segundo o levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Diabetes. O estudo indicou que 59,4% dos pacientes apresentaram piora no controle da doença e, consequentemente, no índice glicêmico durante o período pandêmico; além disso 59,5% reduziram a prática de atividades físicas.

O professor Josemar ressalta que a doença provoca efeitos prejudiciais a longo prazo e por isso os tratamentos devem sempre ser mantidos com cuidado e acompanhamento médico.

As terapias podem acontecer em duas etapas. A primeira é de forma medicamentosa, com o uso diário de insulina e outros medicamentos para controlar a glicose no sangue. A segunda requer ajustes na alimentação e mudança no estilo de vida, criando hábitos saudáveis com práticas de exercícios físico­s, evitando jejum prolongado e abusos alimentares.

“Tem alguns parâmetros alimentares que o paciente precisa ser orientado: em geral a dieta do diabético é mais rica em vegetais, fibras e alimentos integrais, mas nada em excesso. É fundamental ter o controle dos horários e das porções”, detalha Josemar Moura.

O professor conclui que hábitos saudáveis, quando adotados ao longo de toda a vida, podem prevenir o desenvolvimento da doença, mas não impedir seu surgimento. Por isso, torna-se indispensável o controle do peso corporal e a adequação da alimentação desde a infância.

Quer saber mais detalhes do diabetes e como se cuidar? Confira o programa de rádio Saúde com Ciência dessa semana.

Diabetes: uma epidemia

De acordo com o Atlas do Diabetes, divulgado pela Federação Internacional de Diabetes, um em cada dez adultos desenvolveu doença do tipo 2 de 2019 a 2021. Quando não é controlado, a doença pode levar ao comprometimento de outras regiões do corpo, como os rins. Confira na série do Saúde com Ciência desta semana quais são os tipos, sintomas e tratamentos possíveis. Também entenda a importância do estilo de vida saudável, com alimentação balanceada e prática de atividade física regular para o controle da doença.

O progama é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a quinta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify.

*Maria Beatriz Aquino – estagiária de Jornalismo
Edição – Deborah Castro