Aumento de casos de meningite no Brasil está relacionado com baixa adesão à vacinação

Segundo Ministério da Saúde, em 2021, vacina contra meningite teve apenas 70% de adesão


25 de outubro de 2022 - , , ,


*Eduarda Sperandio

Há alguns anos, a ocorrência da meningite tem aumentado consideravelmente no Brasil, e a situação decorre do decrescimento da cobertura vacinal. Para se ter uma ideia, a meta do Ministério da Saúde é de 95% de vacinação do público-alvo contra a meningite. Todavia, até o momento, cerca de metade da população foi vacinada pela meningocócica C.

Como consequência, os números da doença têm apresentado amplificação, provocando estado de alerta nos profissionais e instituições de saúde. Segundo a pediatra e professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Valéria de Melo, convidada do Saúde com Ciência desta semana, a população menos favorecida e mais vulnerável é a primeira a sentir os impactos da mobilização contra as vacinas.

“As nossas coberturas vacinais estão muito baixas, e isso é lamentável. Infelizmente, os primeiros a sentirem as consequências são os menos favorecidos, com menores condições de tratamento”, enuncia a especialista.

A meningite é a inflamação e o acometimento das meninges, isto é, das membranas que envolvem o sistema nervoso central. Segundo o Ministério da Saúde, essa doença é considerada grave, contagiosa e endêmica. E o grupo de risco são as crianças, adolescentes e jovens adultos, pois possuem maiores chances de complicações e adoecimento.

No Brasil, a meningite teve seu auge de contaminação na década de 1970, adoecendo e levando milhares de pessoas a óbito. Mas logo a contenção da doença aconteceu com a vacinação em massa, que suprimiu a doença, e foi a responsável pela redução significativa do contágio.

Entretanto, como uma tendência global, o movimento antivacina cresce ano a ano no Brasil. E, de acordo com Valéria de Melo, o aumento de casos da doença cresce proporcionalmente na medida em que a adesão vacinal diminui.

Vacinação

Apesar de existirem outras formas de prevenção contra a meningite, como a etiqueta da tosse e o mantimento de ambientes ventilados e limpos, a vacinação é o método mais eficaz e seguro.

Etiqueta da tosse: conduta ideal de higiene que consiste em cobrir a boca com a parte interna do braço, a fim de evitar a contaminação das mãos.

De acordo com a professora, existem várias vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), para as diversas faixas etárias. Segundo ela, a falta de imunizantes contra a meningite não é o problema no Brasil, mas sim a baixa procura pela proteção.

“Nós já vivemos épocas que o Brasil não tinha vacina para meningite, já vivemos uma epidemia. Mas hoje, temos a possibilidade de se vacinar. Então, é muito importante que todos se vacinem”, afirma a especialista.

Importância da conscientização

Posto isto, é essencial que a população seja orientada e conscientizada sobre a importância da vacinação contra a meningite, em qualquer idade ou circunstância. Conforme a professora, a escolha da vacina não é só uma questão individual, mas sim coletiva, um ato de cuidado com o próximo.

“Temos meios e conhecimento para deter o avanço de epidemias, para que os óbitos e sequelas sejam minimizados ou nem ocorram. Por isso, peço aos profissionais de saúde e às famílias que continuem nesta luta pela vacinação”, afirma Valéria.

Saúde com Ciência

O programa de rádio Saúde com Ciência desta semana vai abordar a meningite, os sintomas da doença, características, medidas de prevenção e aumento de casos no país.

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.

*Eduarda Sperandio – estagiária de jornalismo

Edição: Giovana Maldini