Brasil vive ‘sobreposição de ondas’ de covid-19, afirma Unaí Tupinambás

Em entrevista à Rádio UFMG Educativa, infectologista da Faculdade de Medicina afirma que o país não se preparou para novo enfrentamento


26 de novembro de 2020 - , , ,


Monitoramento do Imperial College de Londres indica que o ritmo de contágio brasileiro é de 1,3, o que pode indicar o início de uma segunda onda em todo o país. Foto: Photo by visuals on Unsplash

A taxa de transmissão do coronavírus (Rt) no Brasil está aumentando e já é superior a 1 em diversos estados. Calculado com base no aumento de novos casos, esse índice mostra quantas pessoas são contaminadas por alguém que já está infectado. Assim, se o Rt é igual a 1, cada pessoa contaminada transmite o vírus para mais uma. Esse é o número limite para uma epidemia controlada. Taxas inferiores a 1 indicam que a epidemia está diminuindo e superiores a 1 sugerem um surto da doença.

Estudo do Imperial College, de Londres, divulgado nesta terça-feira, dia 24, mostra que o Rt da covid-19 no Brasil alcançou 1,30, o maior desde maio. Esse valor somado a outros dados, como a média móvel de infecções e a porcentagem por estado de pessoas infectados, leva alguns especialistas a afirmarem que há uma segunda onda em todo o país.

Entrevistado nesta semana no Programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, o infectologista e professor da Faculdade de Medicina Unaí Tupinambás prefere chamar esse cenário de “sobreposição de ondas” e critica o despreparo do país para combater os novos casos. 

“Não houve uma política de enfrentamento direcionada a todo o país. Vimos a onda chegar e não nos preparamos. Não preparamos as equipes, não compramos insumos e testes. Não orientamos a população. Muito pelo contrário, nossas autoridades sanitárias provocavam discórdia e confusão na rede. Poderíamos ter feito uma preparação melhor para o segundo enfrentamento. Vemos agora que poderá ser um pouco pior, temos falta de insumo e de testes. Se antes se testava pouco, agora se testará ainda menos. E ainda estamos diante de uma população cansada”

resume o professor Unaí, que integra os comitês de enfrentamento ao coronavírus na UFMG e na Prefeitura de Belo Horizonte.

Ouça a entrevista:


(Produção: Arthur Bugre e Luiza Glória. Publicação: Isadora Oliveira, sob orientação de Luíza Glória)