Calendário Vacinal da doença falciforme ajuda a prevenir infecções secundárias


13 de setembro de 2016


Imagem: Banco de Dados

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O Programa Nacional de Imunizações (PNI), proposto pelo Ministério da Saúde, contempla a cobertura vacinal para diversas doenças, atingindo toda a população brasileira. Porém, para as pessoas com doença falciforme, ainda é indicado um calendário complementar, o Calendário Vacinal da Doença Falciforme.

Como afirma Vitória Fujii, enfermeira de Saúde da Família e tutora do curso a distância do projeto “Doença Falciforme: Linha de Cuidados na Atenção Básica à Saúde”, do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias (Cehmob-MG), parceria entre Nupad e Fundação Hemominas,, a proposta de um calendário de vacinação destinado ao atendimento de indivíduos portadores de quadros clínicos especiais surgiu em 1993. A tentativa era prevenir infecções secundárias e reduzir a morbimortalidade. “O PNI constantemente atualiza o calendário vacinal, de acordo com a disponibilidade dos imunobiológicos e estudos epidemiológicos. A última atualização entrou em vigor em junho de 2016”, explica.

Segundo Vitória, as infecções graves por germes capsulados, como Haemophilus influenzae B e Pneumococo, são frequentes nas pessoas com doença falciforme. Há também a varicela, que apesar de ser considerada uma doença benigna, pode representar um importante fator para a invasão secundária de bactérias. “Por isso, para prevenir as infecções oportunistas, nesses casos, além das vacinas de rotina, esses pacientes necessitam de vacina contra varicela, hepatite B, hepatite A, influenza e contra germes capsulados”, afirma.

A vacinação é indicada desde o nascimento, e o paciente deve seguir o calendário de modo a garantir a imunização completa, até 1 ano e 3 meses de vida. De acordo com Vitória, é preciso ficar atento aos reforços que devem ser realizados de acordo com a necessidade de cada paciente.

A enfermeira também destaca que o calendário vacinal não é igual para todo o país, pois alguns estados apresentam uma proposta diferente daquela do Ministério da Saúde, considerando a situação endêmica e epidêmica da região: “Porém, a proposta de vacinação destinada ao atendimento de indivíduos portadores de quadros clínicos especiais é nacional, sendo recomendado aos profissionais seguir a indicação do Centro de Referência em Imunobiológicos Especiais – CRIE”.

Outros cuidados

Vitória alerta que, além do calendário vacinal, as pessoas com doença falciforme devem ser assistidas continuamente pelas equipes da Atenção Primária, garantindo um acompanhamento multidisciplinar desde o nascimento. “Deve-se considerar junto às orientações o estímulo ao aleitamento materno, o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, cuidados de higiene corporal e oral, orientações quanto aos cuidados essenciais, além dos específicos para a doença e estímulo ao autocuidado à medida que a criança cresce”, explica.

Os profissionais da Saúde da Família também devem ficar atentos à realização e agendamento de exames complementares, consultas especializadas e a prescrição de medicamentos, diz a enfermeira. “A equipe deve orientar os familiares quanto à técnica de medição do baço em crianças e quanto aos sinais de alerta referentes aos eventos agudos”, acrescenta.

Doença falciforme

Considerada um das doenças hereditárias mais comuns no Brasil, a doença falciforme é uma alteração genética que afeta o sangue e provoca diversas complicações, como obstrução dos vasos sanguíneos, infecções e crises de dor. Ela é uma das seis doenças diagnosticadas pelo Programa de Triagem Neonatal de Minas Gerais (PTN-MG), viabilizado pelo Nupad.

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