Cartilha descreve potencial terapêutico de plantas do Norte de Minas

Publicação é resultado de estudo focado no uso de espécies como a unha d’anta no tratamento de doenças metabólicas


24 de junho de 2019 - , , , ,


Mudas com potencial medicinal distribuídas em evento no campus Montes Claros. Foto: Sérgio Santos / UFMG

O potencial farmacológico e terapêutico de plantas encontradas ao longo do Rio Pandeiros, no Norte de Minas, no tratamento de doenças metabólicas, é alvo de projeto de pesquisa e extensão desenvolvido pelo Instituto de Ciências Agrárias (ICA) e pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).

Parte dos trabalhos culminou na publicação da cartilha Plantas medicinais – Bacia do Rio Pandeiros, que reúne informações sobre três plantas contempladas pelo estudo: unha d’anta, sambaibinha e dedaleira. Em linguagem acessível, a publicação descreve características botânicas das plantas, alguns preparos medicinais, usos farmacológicos, tinturas e outras informações.

De acordo com o professor Sérgio Santos, que coordena a iniciativa, o trabalho propõe o incentivo à conservação da flora da região, buscando conhecer as plantas utilizadas popularmente para fins medicinais e avaliar seu potencial terapêutico. A eficácia dos extratos dos princípios ativos extraídos das plantas coletadas no estudo passou por análises em laboratório, e outros testes ainda estão sendo feitos pelos pesquisadores das duas instituições.

As plantas contempladas nas pesquisas são nativas da Bacia Hidrográfica do Rio Pandeiros – que abrange os municípios de Januária, Cônego Marinho e Bonito de Minas – e do Cerrado norte-mineiro. “Essas plantas têm seu uso popular descrito em alguns estudos em outras áreas. Mas, nas áreas que investigamos, de metabolismo e cicatrização, ainda não existem trabalhos”, relata Santos.

De acordo com o professor, o grupo planeja estimular o cultivo de mudas dessas espécies com cooperativas locais para revenda. A intenção é garantir uma alternativa de geração de renda para a população ribeirinha que seja sustentável ambientalmente, pois não implica desmatamentos e prejuízos à natureza.  “Quanto mais pesquisamos e demonstramos a importância do uso dessas plantas, mais incentivamos sua conservação. Assim, também estimulamos o uso de terapias alternativas como forma de reduzir os gastos com saúde pública. Essas terapias incluem fitoterápicos, foco do nosso estudo, homeopatias e outras, que já são reconhecidas pelo SUS para o tratamento de pacientes”, exemplifica o professor.

Dia de campo

A cartilha foi distribuída para a população de Bonito de Minas, no Norte do Estado, no último dia 15, durante o evento Dia de campo: pandeiros em foco. A atividade mobilizou 20 estudantes da UFMG e da Unimontes no atendimento a cerca de 500 pessoas do município. Durante todo o dia, foram realizadas palestras, aferição de pressão e medição de glicemia. Também foram distribuídas mudas das três espécies contempladas pelo estudo.

As mudas doadas foram cultivadas no viveiro do Instituto Estadual de Florestas (IEF). O projeto é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Redação: Amanda Lelis / Cedecom Montes Claros