Celulares em sala de aula: ferramenta ou problema?

No Brasil, cerca de 80% dos alunos afirmam que os celulares afetam sua concentração em sala de aula.


24 de fevereiro de 2025 - , , , ,


* Alexandre Temponi

O uso do celular em excesso pode afetar o aprendizado, a socialização e a saúde mental dos estudantes. É o que afirma a doutora em Ciências Fonoaudiológicas pela Faculdade de Medicina da UFMG e convidada do Saúde com Ciência, Graziela Nunes Alfenas Fernandes. De acordo com ela, o celular sobrecarrega o cérebro, prejudicando a concentração e interferindo em atividades essenciais. As crianças e adolescentes que estão em fase de amadurecimento educativo e socioemocional são as mais prejudicadas, principalmente entre 0 e 6 anos e no início da adolescência.

A doutora explica que o impacto nas crianças pequenas pode ser ainda maior, já que dificulta a linguagem, afeta a interação com os pais e os colegas e também acarreta atraso no desenvolvimento motor, aspectos fundamentais para o desenvolvimento da criança. Nos adolescentes, é perceptível um impacto na memória de trabalho, com redução da interação social e aumento de problemas relacionados à saúde mental, principalmente ansiedade e depressão.

“O uso da tecnologia desde a infância modificou hábitos, habilidades sociais, padrões de atenção e até a fala. O que tem sido observado é uma menor capacidade de concentração, aumento da compulsividade e uma diminuição da empatia e aumento de comportamentos agressivos, são fatores que têm sido relatados no comportamento desses alunos”.

Doutora Graziela Nunes Alfenas Fernandes

Como o celular afetou a relação professor-aluno

A doutora afirma que, para os professores, competir a atenção dos alunos contra o celular tem sido uma tarefa cada vez mais difícil. Eles encontram cada vez mais dificuldade em manter a disciplina em sala de aula. Além disso, realizar o controle das “colas” também se torna mais difícil, visto que o uso de celular facilita e favorece esse tipo de situação. Dessa forma, Graziela acredita que surge a necessidade de os professores desenvolverem avaliações que necessitam da interpretação e do pensamento crítico do estudante.

A partir disso, a doutora em Ciências Fonoaudiológicas acredita que existe uma necessidade de se implantar o uso dos celulares de maneira didática nas salas de aulas, uma vez que se tornou uma tarefa ainda maior lutar contra seu uso. Ela defende que o aparelho pode ser uma ferramenta útil, já que facilita o acesso a ferramentas didáticas, favorece um aprendizado interativo e personalizado, aumento do engajamento para o estudo, o desenvolvimento da autonomia e de habilidades digitais.

Os smartphones também proporcionam a inclusão e acessibilidade. Portanto, a doutora conclui que é sim possível tornar o celular uma ferramenta positiva em sala de aula, porém é um desafio que ainda não estamos tão pertos de alcançar.

Ouça o podcast na íntegra:

Saúde com Ciência

No programa de rádio Saúde com Ciência desta semana, vamos conversar sobre o uso dos celulares em sala de aula. Iremos explicar quais os seus impactos e também como podem ser usados de forma que promova o estudo e aprendizado.  Também abordaremos como o uso dos celulares afetou os comportamentos das crianças e adolescentes.

O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.

* Alexandre Temponi – estagiário de Jornalismo

Edição: Alexandre Bueno