Chocolate: nem vilão nem mocinho
Especialistas esclarecem mitos e verdades ligados ao consumo desse alimento.
16 de abril de 2019
*Marcela Brito
Especialistas esclarecem mitos e verdades ligados ao consumo desse alimento

Ora vilão, ora a cura milagrosa para algum mal. O chocolate, um dos ícones da Páscoa, é rodeado de mitos e verdades sobre o seu consumo. Mas, nem por isso, deixa de estar presente na alimentação dos brasileiros. De acordo com a pesquisa Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), em 2018, oito a cada dez internautas do país planejavam comprar chocolate na Páscoa. Por isso, nesta época do ano, em que o acesso às variedades desse alimento é maior, é bom estar atento aos benefícios e cuidados em relação ao seu consumo.
A professora do Departamento de Clínica Médica e endocrinologista, Ana Lúcia Cândido, explica que um dos principais ingredientes para a produção do chocolate é a semente de cacau. Rica em polifenóis, do tipo flavonoides, essa semente tem ação antioxidante, que pode melhorar a pressão arterial e aumentar o colesterol bom, o HDL.
Entretanto, é preciso lembrar que nem todos os tipos de chocolates são produzidos a partir do cacau. A nutróloga e professora aposentada do Departamento de Cirurgia, Isabel Correia, esclarece que para a produção do chocolate branco, por exemplo, é utilizada a manteiga do cacau, isto é, a gordura extraída da semente.

Essa diferença na composição reflete na quantidade de calorias desse alimento. Alguns tipos, por serem mais ricos em gordura, são mais calóricos. “Os chocolates branco e ao leite são repletos de açúcar, aditivos e gordura hidrogenada. Ou seja, com pequena proporção de cacau e alta concentração de calorias”, pontua a professora Ana Lúcia.
Já os chocolates escuros, com teor maior de cacau, têm concentração maior de substâncias que podem apresentar uma ação antioxidante e anti-inflamatória no organismo. Apesar desses benefícios, é preciso moderação. Isso porque o alto consumo do chocolate favorece o ganho de peso. Além disso, esse alimento exerce ação estimulante em pessoas mais sensíveis, que podem apresentar sintomas como palpitações, insônia e ansiedade.
Mitos e verdades
O alimento tem muitos mitos ligados ao seu consumo. Por isso, a nutróloga Isabel Correia esclarece alguns deles. Confira a seguir:
O chocolate pode viciar.
Mito. Algumas substâncias como o álcool, que atuam em áreas do sistema nervoso central, podem provocar dependência química. Entretanto, o chocolate não tem esse mesmo efeito. A única possibilidade de dependência a esse alimento é a psicológica.
Chocolate pode aliviar a TPM.
Depende. Se comer o chocolate está ligado a um prazer associado ao consumo, ele poderá auxiliar as pessoas que gostam desse alimento.
Comer chocolate pode favorecer o aparecimento de espinhas.
Mito. Espinhas estão relacionadas a uma questão hormonal, ao alto consumo de gordura, além de estarem relacionadas a série de outros fatores que não estão associados ao chocolate.
O consumo de chocolate diminui os riscos de doenças cardíacas e a aumenta o colesterol bom (HDL).
Depende. Há estudos com chocolate com mais de 70% de cacau que mostram benefícios sim, mas em conjunto com as medidas tradicionais.
Se a pessoa comer muito chocolate ela pode ter uma crise de alergia.
Mito. As alergias não estão ligadas a quantidade, mas a ingredientes presentes no alimento.
Dar chocolate para crianças muito pequenas é prejudicial para a saúde.
Depende. Crianças até dois anos não devem consumir alimentos doces, já que é nesse período que são determinados os potenciais de alimentação futura da criança. Por isso, neste caso, o chocolate não é recomendado. Após essa idade, o consumo é liberado. Entretanto, é preciso moderação já que é um alimento hipercalórico.
Quando o chocolate é consumido depois de almoço a pessoa tem menos riscos de engordar com o seu consumo.
Mito. Não há nenhuma associação lógica a isso.
O chocolate pode desencadear uma crise de enxaqueca.
Depende. Essa associação é questionada por alguns autores, mas como a enxaqueca se comporta de maneiras diferentes em pessoas distintas, há que se respeitar o relato de cada um.
*Marcela Brito – estagiária de Jornalismo
Edição: Karla Scarmigliat