Ciência avança rapidamente durante pandemia, mas encontra desafios no Brasil
Série especial do Saúde com Ciência destaca os principais avanços e como poderão contribuir no futuro.
04 de janeiro de 2021 - Ciência, coronavírus, saúde com ciência, Tecnologia, testes, vacinas
Pode parecer uma eternidade, mas esses meses de pandemia podem ser considerados um tempo recorde para inúmeros avanços da ciência. Para se ter uma ideia, cerca de dez meses após a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar pandemia de coronavírus já temos vacinas com eficácia e segurança comprovadas, além de testes diagnósticos para a Covid-19 mais baratos, rápidos e menos invasivos. Mas nessa corrida veloz para o progresso, a ciência brasileira pode ficar para trás. A falta e investimento em pesquisas é uma das principais preocupações.
De acordo com ele, o rápido progresso da ciência é uma soma de fatores, que inclui maior investimento financeiro neste momento de crise para as pesquisas e o ajuntamento de milhares de pesquisadores ao redor do mundo em busca de tratamentos e vacinas para a Covid-19.
O conhecimento acumulado durante anos também tem sido fundamental para avanços como a produção de vacinas de RNA mensageiro. Essa tecnologia foi empregada na produção da vacina da Pfizer e da Moderna, por exemplo, e leva menos tempo que as vacinas tradicionais. (saiba mais sobre os tipos de vacinas).
De acordo com o infectologista e professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Vandack Nobre, epidemias como a de ebola e outros coronavírus (mers e sars) já vinham impulsionando a ciência em busca de tratamentos e vacinas.
“A partir dessas condições, muito se desenvolveu e agora, para o novo coronavírus, grande parte desse conhecimento foi aproveitado. Ou seja, desviou-se a atenção dessas outras condições e o foco foi todo para o coronavírus”, afirma Nobre.
Apesar dessa aceleração do conhecimento, que tem alcançado patamares cada vez mais altos, a ciência brasileira pode não conseguir acompanhar. Para o virologista Flávio da Fonseca, as repostas que o país gerou à pandemia, como o rápido sequenciamento do genoma do primeiro caso de coronavírus confirmado no Brasil (levou-se apenas 48 horas), é graças ao esforço e dedicação dos pesquisadores, que há anos lidam com a escassez de investimentos em pesquisas.
O especialista acrescenta que sem investimento contínuo, o Brasil estará sempre correndo atrás e não junto ao restante do mundo.
TESTES
Mesmo com investimentos aquém do necessário, produções brasileiras têm se destacado no mundo todo. A criação de testes para diagnósticos da Covid-19 mais rápidos, simples e eficazes são exemplos. Um deles, é o programa desenvolvido por pesquisadores da UFMG que permite o diagnóstico do vírus por meio de telefones celulares que serão usados em laboratórios e farmácias.
A tecnologia funciona assim: a saliva coletada é colocada sobre um dispositivo que se assemelha à uma lâmina e contém moléculas para capturar o vírus. Essas moléculas são nanosensores relacionados à luz led do aparelho celular. Por isso, ao tirar uma foto a imagem é convertida no resultado. Esse teste, que estará no mercado em breve, será cerca de cinco vezes mais barato e a tecnologia pode ser adaptada para identificação de outras doenças como febre amarela e dengue.
Outra pesquisa da Universidade Federal de Goiás (UFG) detectou a presença do coronavírus no paciente desde o primeiro dia dos sintomas. A técnica chamada RT – Lamp tem função semelhante ao teste RT_PCR, técnica considerada padrão ouro para diagnóstico da covid-19.
“O TR-Lamp é uma técnica que amplifica o material genético do vírus e detecta o vírus no organismo desde o primeiro dia, o que é muito útil para o isolamento, além de ser mais simples e barato que o RT-PCR”, explica a pesquisadora e professora da UFG, Gabriela Rodrigues Mendes Duarte.
Para a pesquisadora, o desenvolvimento de testes de diagnóstico no Brasil é importante para a valorização das pesquisas feitas nas universidades do país e para redução dos custos.
OUTRAS AÇÕES
Universidades brasileiras não ficaram paradas e responderam rapidamente ao enfrentamento do vírus. Na Faculdade de Medicina da UFMG são inúmeros projetos de pesquisa, ensino e extensão que beneficiam a população neste momento de crise sanitária. Confira balanço de algumas dessas ações.
Ciência em progresso
Na série especial do Saúde com Ciência, conheça os principais avanços científicos alcançados durante a pandemia e como poderão contribuir no futuro. Confira a programação da semana:
-> Progresso científico na pandemia
-> Vacina em tempo recorde e seu legado para a ciência
-> Novos testes para diagnóstico da Covid-19
->Tratamentos também avançam
-> Orientações sobre cuidados na pandemia.
O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify.