Cobertura vacinal da difteria ainda está abaixo do ideal

Doença foi praticamente eliminada do Brasil por meio da vacinação. Queda na cobertura vacinal abre brecha para novos casos.


05 de dezembro de 2025 - , , , , ,


Desde os anos 90, a incidência da difteria teve uma queda drástica no Brasil em função do Programa Nacional de Imunização. Segundo o Ministério da Saúde, a cobertura vacinal contra a doença passou de 66%, em 1990, para mais de 95% em 2015. No entanto, de 2015 a 2024, a adesão vacinal caiu no país, mantendo-se abaixo da meta do Ministério.

A vacinação é a principal ferramenta de prevenção da difteria. Graças à imunização, a doença foi virtualmente eliminada do Brasil. Ainda de acordo com dados do Ministério da Saúde, no período de 2022 a 2024, a cobertura vacinal da Penta (vacina que protege contra a difteria, o tétano, o pertussis, a hepatite B e o influenzavirus tipo B) oscilou entre 77% e 89%.

Segundo a professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG e convidada do Saúde com Ciência, Lilian Diniz, a meta de 95% estabelecida pelo Ministério da Saúde é importante para manter doenças infecciosas como a difteria sob controle. “A gente chega aí em torno de 90% de cobertura, que é bom, mas não é excelente”, afirma.

“Realmente, a doença tem surgido onde a cobertura cai. A bactéria circula no mundo e a única forma que a gente tem de se manter livre é manter as altas coberturas. Mesmo em países da Europa ou nos Estados Unidos, quando a cobertura cai, como na Alemanha, por exemplo, ou a Polônia. Foram países que tiveram muitos casos esse ano. Acabam ocorrendo surtos da doença, onde quer que seja, onde se observe uma baixa cobertura vacinal”.

Professora Lilian Diniz

Ainda de acordo com ela, o Brasil voltou a ocupar uma posição entre os 20 países com o maior número de crianças sem imunização contra a difteria. “E isso porque o Brasil é um pais muito grande. Então a gente tem cerca de 200 mil crianças no país não imunizadas contra a difteria. Por mais que a gente tenha uma cobertura vacinal de cerca de 90%, como o país é muito populoso, esses 10% não imunizados ainda representam uma quantidade muito grande de crianças desprotegidas”, alerta a pediatra.

Ouça o podcast na íntegra:

Saúde com Ciência

No programa de rádio Saúde com Ciência desta semana, conversamos sobre a difteria. Relembramos as características que foi praticamente eliminada do Brasil, discutiremos as complicações dos casos graves da doença e comentaremos o estado da cobertura vacinal da difteria no país.

O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a quinta-feira, às 7h15, no programa Bom Dia UFMG. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.