Comida de rua: pode confiar?
Em nova série, Saúde com Ciência investiga variedades, riscos e cuidados higiênicos da “comida de rua”, e propõe alternativas mais saudáveis
29 de maio de 2015
Em nova série, Saúde com Ciência investiga variedades, riscos e cuidados higiênicos da “comida de rua”, e propõe alternativas mais saudáveis
Recentemente, surgiu no Brasil a “febre” dos food trucks, veículos estilizados para a comercialização dos mais variados tipos de alimento, oferecendo desde hambúrgueres e tortas, até comidas típicas regionais. A novidade é mais um atrativo para quem se alimenta na rua e opta, quase sempre, por lanches rápidos no lugar de uma alimentação mais equilibrada.
Mas esses alimentos comercializados pelos food trucks e outros carrinhos de comida, além de lanchonetes, oferecem algum risco à saúde? Para a nutróloga e professora da Faculdade de Medicina, Maria Isabel Correia, não existe, necessariamente, um mau hábito do brasileiro em comer fora – o problema está nas escolhas e no fato da prática se tornar rotineira. “Alimentos industrializados podem trazer riscos nutricionais, porque eles apresentam grandes quantidades de sal. Alimentos que contêm muita gordura, não apenas os industrializados, preparados à base de frituras, também devem ser evitados”, indica.
A alimentação ideal, segundo Maria Isabel, não tem mistério – à pessoa, basta querer. Ela tem que ser variada, com o consumo constante de frutas, um prato colorido com folhas e verduras e carnes mais leves, como frango e peixe. Nessa direção, a pós-doutoranda em Saúde Urbana e professora substituta da Medicina, Roseli Andrade, alerta para as deficiências de um cardápio desbalanceado. “O maior risco nutricional está associado ao consumo excessivo de sal, gorduras e açúcares. Uma alimentação de rua é rica em alimentos processados e pobre em frescos, que seriam as principais fontes de fibras, vitaminas e minerais”.
Cuidados higiênicos
No ramo alimentício, especialmente, é essencial o zelo pela higiene do lugar onde são vendidos os alimentos. Isso envolve o armazenamento dos ingredientes, equipamentos utilizados e vestuário dos vendedores. “É importante observar a higiene do manipulador e do local onde o alimento está sendo armazenado; a acomodação do lixo, se a lixeira está tampada; e se o manipulador do alimento é o mesmo que recebe o dinheiro”, destaca Roseli Andrade.
O vestuário é outro ponto importante. A entrevistada recomenda observar se os atendentes estão usando roupas claras e limpas, inclusive jalecos, e se os cabelos estão “presos”, de preferência com o uso de toucas. Além disso, luvas nas mãos para manejar o alimento e unhas limpas e sem esmaltes.
A professora Maria Isabel lembra que alimentos preparados em situações inadequadas de higiene levam ao surgimento de bactérias, que podem causar diarreia, vômito e outras doenças menos comuns. A maioria das enfermidades causadas por infecções alimentares se resolve naturalmente, com hidratação e remédios sintomáticos. Por outro lado, caso o problema permaneça por mais de 24 horas, o médico deve ser procurado.
Alternativas saudáveis
A suposta falta de tempo que algumas pessoas reclamam não significa que elas devam se tornar “reféns” das comidas de rua. A professora Roseli Andrade dá exemplos de alimentos que podem substituir essa alimentação: “O indivíduo pode usar bolsas térmicas, disponíveis no mercado, para carregar frutas secas, castanhas ou mesmo sanduíches, feitos em casa”. Para higienizar as frutas, água corrente, e para transportar o alimento, potes limpos de plástico ou vidro.
Ainda segundo Roseli, essa troca traz benefícios a curto, médio e longo prazo. “Podemos citar o emagrecimento, melhora na digestão, manutenção de hipertensão, diabetes e hipercolesterolemia”, enumera. Uma alimentação mais saudável também melhora aspectos do sono e do aprendizado, beneficiando, por fim, o bolso do consumidor.
Sobre o programa de rádio
O Saúde com Ciência, que apresenta a série Comida de Rua entre os dias 01 e 05 de junho de 2015, é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h, ouça o programa na rádio UFMG Educativa, 104,5 FM.
Ele também é veiculado em outras 105 emissoras de rádio, que envolvem as macrorregiões de Minas Gerais e os seguintes estados: Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.