Como a metrópole afeta a saúde do trabalhador?

Trabalhadores das grandes cidades estão sujeitos a uma série de particularidades que podem impactar diretamente a saúde.


25 de novembro de 2024 - , , , ,


Na medicina do trabalho, entende-se que diferentes regiões e estruturas de trabalho afetam a saúde dos trabalhadores de formas diferentes. Segundo a professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG e convidada do Saúde com Ciência, Andrea Maria Silveira, metrópoles como Belo Horizonte não são diferentes.

“Belo Horizonte é uma cidade que tem a sua economia muito centrada no setor de serviços. E o perfil de adoecimento relacionado ao trabalho na cidade reflete essa vocação econômica. Então, a gente verifica um grande número de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho”, explica a professora. De acordo com ela, os problemas osteomusculares, principalmente aqueles que afetam a coluna vertebral, são muito ligados às atividades de limpeza e conservação, às atividades da saúde como de médicos e enfermeiros, e ao transporte de cargas.

Além disso, a professora também dá destaque aos acidentes de trabalho. Acidentes perfuro-cortantes em trabalhadores da saúde e acidentes envolvendo o transporte de passageiros e mercadorias por meio de motocicletas, ou daqueles que utilizam as motos para o translado entre o trabalho e a residência.

Saúde mental

“Neste momento, a gente acompanha um crescimento preocupante dos transtornos mentais relacionados ao trabalho. Quase sempre associados a longas jornadas de trabalho, às pressões por produtividade, à insegurança no trabalho e ao assédio moral”, define a professora Andrea Silveira. Segundo ela, a vida em metrópoles impõe um estilo de vida que exige grandes deslocamentos no dia a dia do trabalhador, que traz consigo um alto custo diário de tempo, em condições desconfortáveis, que pode impactar a saúde mental.

“E isto se faz em detrimento, em prejuízo de atividades como a convivência com a família e a comunidade, realização de atividades físicas regulares, de atividades de lazer, muitas vezes em prejuízo das horas de sono. Então, este desequilíbrio entre a vida no trabalho e a vida com a família e a comunidade, digamos assim, ele tem sido relacionado com quadros de ansiedade e depressão. A saúde mental tem se caracterizado no Brasil também por maiores índices de criminalidade e violência. A apreensão, o medo, a vigilância contínua, as experiências de ser vítima de violências, incluindo ameaças, a experiência de testemunhar violências e crime é altamente estressante. Então, isso de alguma forma pode impactar a saúde mental dos trabalhadores”.

Professora Andrea Maria Silveira

Ouça o podcast na íntegra:

Saúde com Ciência

No programa de rádio Saúde com Ciência desta semana, iremos conversar sobre a saúde do trabalhador. Iremos explicar os conceitos de medicina do trabalho, explorar as particularidades da saúde do trabalhador das grandes cidades e também do trabalho rural. Além disso, iremos reforçar a importância da legislação trabalhista para a saúde dos trabalhadores.

O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.