Como conciliar as atividades das crianças e adolescentes na volta às aulas?

Apesar dos compromissos escolares e extracurriculares, lazer deve ser preservado


03 de março de 2016


Apesar de muitos compromissos escolares e extracurriculares, professora afirma que lazer deve ser sempre preservado

Foto: Pixabay.

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As férias escolares já chegaram ao fim para as crianças e adolescentes e, com isso, é necessário que a rotina familiar seja readaptada para atender as necessidades de todos. Nesse momento há o desafio de conciliar atividades escolares, extracurriculares e o lazer. A professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Ana Maria Costa da Silva Lopes, dá algumas dicas para ajudar os pais a encontrar o equilíbrio necessário para o desenvolvimento saudável dos seus filhos.

Acúmulo de Atividades

É comum que as crianças e os adolescentes se envolvam, cada vez mais cedo, em diversas atividades além da jornada escolar. Segundo a professora, a percepção de que as atividades exercidas por eles são prejudiciais devem de ser avaliadas no caso a caso: “O que é acumulo de atividades para um não é, necessariamente, para outro. O importante é sempre ter bom senso”, explica. A professora também chama a atenção dos pais para um problema que pode decorrer do acúmulo de atividades: a falta de tempo para o lazer. “As atividades devem ser realizadas de forma prazerosa, escolhida de acordo com o interesse da criança e do adolescente”, pontua.

Na adolescência, em especial no período do ensino médio, há quase sempre uma sobrecarga de horários, visando à preparação para o ingresso na universidade, o que aumenta a exigência de dedicação acadêmica. Mas, segundo Ana Maria, o tempo do lazer ainda deve ser sempre preservado.

Uso de tecnologias é lazer?

As crianças já nascem imersas em um mundo de inúmeras ofertas tecnológicas, que, muitas vezes, estão incorporadas ao processo de desenvolvimento da criança. Usar esses recursos de forma consciente é fundamental. Mas Ana Maria alerta que, nos quatro primeiros anos de vida, o contato com o outro, representado pelos familiares, é essencial para o desenvolvimento da criança. Isso porque a construção das relações afetivas e a aquisição da linguagem, que ocorrem nessa época, exigem o contato humano. Sendo assim, o uso de tecnologias deve ser cuidadosamente escolhido neste período.

A professora também diz que é importante, com o passar dos anos, que os pais estabeleçam limites no uso dessas ferramentas e que haja sempre equilíbrio entre o tempo destinado às atividades formais, à convivência familiar e com colegas, ao esporte e às redes sociais, por exemplo. “É muito comum o excesso de horas em jogos eletrônicos e redes sociais, ocasionando privação de sono, irregularidade dos horários de refeições, ausência aos compromissos escolares. Quando isso acontece, a tecnologia passa a ocupar um lugar prejudicial”, afirma. Ela também destaca a prática de atividades ao ar livre e em grupos como fundamentais, devendo estimulá-las em detrimento do uso excessivo das tecnologias digitais.

Desenvolvimento Escolar

Para a professora, os pais precisam estar atentos para que as muitas atividades e o uso excessivo de recursos tecnológicos não interfiram de forma negativa no desenvolvimento escolar. Os casos de dificuldades podem ser percebidos quando há queda do desempenho ou quando há desânimo em frequentar as aulas. “Diante dessa situação, deve-se realizar uma avaliação clínica e oftalmológica adequada e, de acordo com cada caso, avaliações específicas como otorrinolaringologia, fonoaudiologia, psicologia, neurologia, psiquiatria, dentre outras”, orienta.

Ana Maria afirma que o acompanhamento da rotina acadêmica é de extrema importância, em especial durante a aquisição da escrita e das primeiras habilidades acadêmicas, mas não somente nesse período. “O estímulo e incentivo dos pais é essencial ao longo de toda vida acadêmica, da pré-escola até o ingresso na universidade”, reforça. Além disso, ressalta que o exemplo é a principal forma de incentivo à leitura e ao estudo. “Crianças que crescem em ambiente em que os pais têm o hábito da leitura provavelmente irão incorporar esse hábito de forma natural”, completa.