Como se prevenir do Alzheimer?

Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que o Brasil tenha hoje 1,2 milhão de pessoas vivendo com o Alzheimer. Esse número cresce, com 100 mil novos casos diagnosticados todo ano.


13 de junho de 2025 - , , , ,


A doença de Alzheimer é a principal e mais frequente doença neurológica degenerativa da espécie humana. É como define o professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG e convidado do Saúde com Ciência, Paulo Caramelli.

“É uma doença que nós não conhecemos a causa. Na verdade, não há uma causa apenas. Há múltiplos fatores que interagem para fazer com que a doença se desenvolva. Talvez um dos principais deles seja o envelhecimento”, explica Caramelli. O professor segue, explicando que fatores genéticos e ambientais podem influenciar ou, em raros casos, até mesmo serem a causa da doença.

De acordo com ele, conforme envelhecemos, há uma série de processos biológicos que ocorrem no corpo e, sobretudo, no cérebro, que aumentam as chances do acúmulo de proteínas anormais que estão ligadas ao desenvolvimento da doença de Alzheimer. Ainda segundo Caramelli, a doença é responsável por até 60% de todos os casos de demência no mundo.

Outro fator de risco para a doença é a baixa escolaridade. “Não porque a baixa escolaridade cause uma doença degenerativa, mas a baixa escolaridade diminui o que a gente chama de reserva cognitiva, que é a capacidade do cérebro de fazer frente a algum tipo de lesão, algum tipo de doença neurológica”, detalha o professor.

Além disso, ele também cita a perda auditiva como o principal fator de risco na meia idade. “A memória depende em grande parte de como vemos, do que vemos e do que escutamos. Então, se você diminui essa entrada sensorial, no caso auditiva, você cronicamente vai interferindo com mecanismos de fixação de memória”, afirma.

“É uma doença que tem uma evolução muito longa, inicialmente uma fase totalmente assintomática, em que a pessoa não percebe nenhum sintoma, nem familiares percebem. Isso evolui depois, por uma fase que a gente chama de declínio cognitivo subjetivo, a pessoa percebe que a sua memória, o seu funcionamento intelectual cognitivo está diferente, mas testes objetivos de cognição não detectam essas anormalidades. Em seguida, há uma fase que nós chamamos de comprometimento cognitivo leve, em que a pessoa nota alterações familiares, também podem notar alterações, e os testes cognitivos usados na clínica, no diagnóstico, também mostram essas anormalidades, mas a pessoa ainda mantém uma autonomia relativamente preservada. E finalmente, a fase posterior, que é a fase de demência, a demência devida à doença de Alzheimer, em que essas alterações cognitivas se acentuam e passam a interferir com a autonomia ou com a capacidade da pessoa realizar atividades de vida diária”.

Professor Paulo Caramelli

Estratégias de prevenção

Paulo Caramelli relembra o fato de que a doença de Alzheimer ainda não possui tratamento curativo. E que, por isso, a prevenção é ainda mais importante. De acordo com ele, a prevenção deve incluir diferentes domínios do campo da vida do indivíduo além da cognição. “É claro que isso é importante, a pessoa se manter mentalmente ativa, ter iniciativa de atividades que demandam raciocínio, desafia, em certo modo, cérebro”, pondera.

Ele afirma que, idealmente, a prevenção também deve incluir atividades feitas em grupo. Isso porque a interação social possui um aspecto importante que não deve ser desconsiderado. Além disso, ele também reforça a importância de pelo menos 150 minutos de atividades físicas semanais e da manutenção de uma boa alimentação.

“Nós sabemos hoje, por exemplo, que o consumo de alimentos ultraprocessados, tão comum no dia a dia, aumenta o risco de demência, aumenta o risco de declínio cognitivo. Então, uma alimentação saudável, principalmente o que se sabe hoje é que a chamada dieta do Mediterrâneo é uma dieta bem mais saudável tanto para o sistema cardiovascular como também para o cérebro, com pouca quantidade de sal”, detalha o professor.

Ouça o podcast na íntegra:

Saúde com Ciência

No programa de rádio Saúde com Ciência desta semana, conversamos sobre a doença de Alzheimer. Iremos discutir as possíveis causas da doença e sua relação com o envelhecimento e as perdas auditiva e cognitiva. Também iremos explorar as possíveis estratégias de prevenção contra o Alzheimer.

O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.