Conferência trouxe esclarecimentos sobre procedimento de mascaramento
25 de maio de 2018
*Carol Prado
Professora frisou importância de acabar com o estigma de que procedimento é ruim e sua relevância para o diagnóstico
A palestrante convidada, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Maria do Carmo Redondo, abordou o uso do procedimento de mascaramento clínico em exames audiológicos em conferência realizada nesta sexta-feira, no 3º Congresso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG. “Esse procedimento é para impedir que um ouvido responda pelo outro” explicou. “É um procedimento de precisão, principalmente pré-cirúrgico. Saber exatamente quanto o paciente escuta, quanto ele pode vir a melhorar com uma cirurgia” esclareceu.
Segundo Maria do Carmo, é muito importante abordar todas as áreas, dentro e fora da fonoaudiologia, como a proposta do congresso desse ano diz. “Eu acredito que temos que divulgar e estimular os alunos a prestarem atenção, a estudar áreas específicas, a vê-las com engajamento. Acho excelente a forma como isso está sendo desenvolvido aqui, com atividades práticas, situações que se encontra no dia-a-dia como profissional” declarou a professora.
Danilo Ferraz, estudante de Fonoaudiologia da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), disse que a palestra foi muito esclarecedora. “Não sou fã de audiologia, e, às vezes, ficamos um pouco antipatizados por professores, forma de abordagem, e outros motivos. Mas eu gostei muito da palestra da professora, muito esclarecedora e didática” comentou. Jeniffer de Melo, estudante de Fonoaudiologia da UFMG, disse que ficaria feliz em trabalhar com audiologia. “Estou no quarto período, então ainda não tenho muita vivência prática. Mas sou apaixonada por audiologia e achei fantástica a palestra da professora” contou.
Libertação de estigmas
A professora Maria do Carmo começou a palestra dizendo que é preciso apagar o estigma de que mascaramento é ruim. Segundo ela, o processo não deve ser usado deliberadamente, mas nunca evitado quando necessário. Ela faz uma comparação entre os métodos de aprendizado e a prática clínica. “Tudo a gente aprende aos poucos. Gostamos muito de regras, faça assim, assim e assim. Então vamos para a prática. E na prática o paciente não faz assim, assim, assim,” argumentou ela, fazendo referência entre método e aplicação da teoria.
A professora falou sobre um preconceito existente em relação a audiologia. “Ah, eu não gosto de audiologia, é só apertar botão, você não vê o paciente se curar. Porém, podemos fazer a vida desse paciente melhorar consideravelmente” apontou. “Com o diagnostico que você faz, com um exame certo para adaptação de um aparelho auditivo, quer queira, quer não, a grande maioria dessas situações vai precisar de mascaramento” esclareceu a professora.
Funcionamento da audição e método de platô
“Um som que eu dou de um lado pode chegar ao outro, dependendo da intensidade. O som tem, basicamente, dois caminhos. Ou ao redor da cabeça, por via aérea, ou através da cabeça, por via óssea” explica a professora. “Atenuação interaural é a quantidade de som que se perde ao passar de uma orelha para a outra” esclareceu.
A professora chama a atenção para a existência de um valor médio de atenuação interaural, baseado em pesquisas, de 40 a 60 decibéis. Entretanto, há um valor que Maria do Carmo chama de “atenuação interaural real”. “Cada paciente tem sua particularidade, existe uma ampla variabilidade individual nesses valores” contou, frisando novamente a diferença entre teoria e prática.
“A técnica descrita por Hood (1960), método de platô, é um excelente procedimento para garantir um mascaramento suficiente,” continuou a professora. “Introduz incrementos de ruído mascarante aos poucos até que ocorra o platô, uma padronização do aumento do mascaramento de um lado, e o limiar de recepção de decibéis no outro ouvido,” descreveu. “Para não errar, na prática, fazemos o exame sem mascaramento, e mascaramos aos poucos, como Hood explicou” concluiu.
Programação
O 3º Congresso de Fonoaudiologia continua por todo o período da tarde de hoje e durante o dia de sábado.
O encerramento do evento será no sábado, das 14h às 16h, com premiação dos melhores trabalhos.
Acesse a programação completa do 3° Congresso.
*Redação: Carol Prado – estagiária de jornalismo
Edição: Larissa Rodrigues