Congresso debate impacto do trabalho para saúde mental e propõe modelos de intervenção
19 de abril de 2018
Submissão de trabalhos pode ser feita até a próxima segunda-feira, 23 de abril
Nos dias 27 e 28 de abril, a Faculdade de Medicina da UFMG realiza o Congresso Saúde Mental e Trabalho, no Salão Nobre, com o tema “Mal-estar no trabalho”. Os profissionais de saúde, trabalhadores, representantes sindicais ou demais interessados podem se inscrever até 26 de abril no site da Fundep e escolher a forma de participação, online ou presencial. Também há a opção de submissão de trabalho até 23 de abril, de acordo com as normas descritas no site do Congresso.
De acordo com o professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Instituição, Tarcísio Pinheiro, membro da comissão organizadora do evento, é preciso lembrar que a saúde mental e o trabalho têm uma relação de mão dupla, o que resulta em impactos positivos e negativos. “Normalmente podemos entender o trabalho como um fator positivo no sentido de organização da nossa vida, de crescimento e da nossa existência. Mas assim, o trabalho também pode ser um fator de impactos negativos, o que estamos chamando de mal-estar”, pontua.
De acordo com ele, considerando os tempos atuais em que há um processo de mudanças, como na organização do trabalho, na relação aos processos e, principalmente, as reformas trabalhistas e previdenciária vividas no país, “é um momento com altos índices de desemprego, em que se precisa ter a preocupação com os chamados impactos negativos dessa relação”. “Quando pegamos as estatísticas junto à Previdência Social, por exemplo, temos assistido a um crescimento espantoso dos casos de adoecimento mental, impactando a vida das pessoas e a sociedade como um todo”, afirma Pinheiro.
Debate aponta o impacto do mal-estar no trabalho de acordo com vivências profissionais
O professor explica que o adoecimento mental, atualmente, é um dos principais pontos relativos ao mundo do trabalho, tanto no setor da saúde, incluindo os cuidados ofertados pelo SUS, mas também da Previdência Social, Ministério do Trabalho e nas empresas de modo em geral, pois tem causado importantes afastamentos ou afetado a própria capacidade de trabalhar.
“Nesse âmbito, dois aspectos tem chamado muita atenção: o assédio moral e o suicídio no ambiente do trabalho. O congresso terá uma abordagem geral da saúde e o sofrimento no trabalho, com uma ênfase grande nessas duas questões que são contemporâneas e importantes no mundo inteiro”, conta Tarcísio Pinheiro.
Ele ressalta que os últimos anos tem sido um momento de grande produção acadêmica e científica com essa temática. “Em Belo Horizonte, ou no país como um todo, uma série de eventos é feita para discutir sobre o assunto. Também temos discutido essa questão no Observatório da Saúde do Trabalhador (Osat), bem como a UFMG tem feito amplos debates com a psicologia e psiquiatria”, lembra.
“Então, estamos trazendo essas questões a partir do Serviço Especializado de Saúde do Trabalhador do Hospital das Clínicas (HC) da UFMG e do Osat, em parceria com a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. É um momento pertinente para o desafio de discutir e aprofundar essas questões que tem aparecido no nosso cotidiano”, continua. “Temos visto também o sofrimento nas atividades de formação, nos diversos cursos de graduação, inclusive de medicina e na residência médica”, completa Pinheiro.
O também professor do Departamento e coordenador do evento, Helian Nunes, ressalta, ainda, que o evento contará com profissionais de diversos locais do Brasil e com diferentes experiências em pesquisas acadêmicas e de ensino no assunto. Entre as temáticas, além das citadas, há a violência, as relações hierárquicas e a desidentificação do sujeito com o trabalho. A proposta final é apresentar modelos de intervenção para que as instituições possam se nortear em relação às mudanças e diminuir o mal-estar no seus ambientes.
“Ao reunir todas essas pessoas em um mesmo espaço para trocar ideias e experiências, espero compreendemos um pouco mais sobre esse fenômeno do adoecimento mental e psíquico do trabalhador, em relação ao contexto, às políticas públicas, com a sociedade e até com o indivíduo em si”, enfatiza Nunes.
Confira a programação completa.
Organização
O Congresso é promovido pelo Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, com apoio do Núcleo de Promoção da Saúde e Prevenção da Violência; Observatório de Saúde do Trabalhador de Belo Horizonte (Osat); Serviço Especializado em Saúde do Trabalhador do Hospital das Clínicas (HC); e as residências de Medicina do Trabalho do HC e de Psiquiatria Forense da Fhemig.
Mais informações na página do Congresso Saúde Mental e Trabalho.
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