Consumo de alimentos ultraprocessados está associado a doenças crônicas e maior risco de morte

Especialista convidada do podcast “Saúde com Ciência” recomenda substituir a ingestão de alimentos prontos pelos in natura, como o leite


27 de junho de 2022 - , , , , ,


O consumo de alimentos prontos, entre eles os ultraprocessados, tem aumentado nos últimos anos no Brasil. É o que mostra as Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esse dado ainda está associado a uma queda da ingestão de alimentos in natura, como o leite. Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de 2021, mostrou que 25% da energia diária consumida pelos participantes do estudo eram provenientes de alimentos ultraprocessados.

“A tendência observada de substituição dos alimentos in natura ou com menor grau de processamento por alimentos ultraprocessados está relacionado com o processo de urbanização, e também com a entrada de empresas transnacionais de alimentos no Brasil, que acabam resultando em algumas mudanças no sistema alimentar tradicional”, explica a nutricionista e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UFMG, Fernanda Marcelina Silva.

Alimentos in natura: são obtidos diretamente de plantas ou de animais e não sofrem qualquer alteração após deixar a natureza.

Alimentos minimamente processados: são alimentos in natura que foram submetidos a processos de limpeza, remoção de partes não comestíveis ou indesejáveis, fracionamento, moagem, secagem, fermentação, pasteurização, refrigeração, congelamento e processos similares que não envolvam agregação de sal, açúcar, óleos, gorduras ou outras substâncias ao alimento original.

Alimentos ultraprocessados: são formulações industriais feitas inteiramente ou majoritariamente de substâncias extraídas de alimentos, derivadas de constituintes de alimentos ou sintetizadas em laboratório com base em matérias orgânicas como petróleo e carvão (corantes, aromatizantes, realçadores de sabor e vários tipos de aditivos usados para dotar os produtos de propriedades sensoriais atraentes).

Fonte: Guia alimentar para a população brasileira – Ministério da Saúde

A pesquisadora, que é convidada da semana do podcast “Saúde com Ciência” para apresentar um estudo sobre os benefícios do consumo de leite, ressalta que a ingestão de alimentos ultraprocessados está associado a diversos efeitos nocivos à saúde, como doenças crônicas e maior risco de morte. Isso porque eles são ricos em açúcares e gorduras, o que leva a alterações metabólicas, como hiperglicemia e colesterol alto, e podem resultar em problemas como diabetes e doenças cardiovasculares.

“Esses alimentos também são ricos em sódio e podem contribuir para o desenvolvimento da hipertensão. Além disso, substâncias e compostos presentes nesses alimentos ultraprocessados, formados durante o processamento desses alimentos, parecem contribuir para o aparecimento de uma série de distúrbios cardiometabólicos”, complementa Fernanda.

Para reduzir o risco de desenvolver doenças crônicas, é recomendado substituir o consumo de alimentos ultraprocessados pelos in natura e os minimamente processados. O leite, por exemplo, já foi considerado prejudicial à saúde. No entanto, a pesquisa do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), defendida por Fernanda, mostrou que, se consumido mais 260 ml para homens e 321 ml para mulheres, o leite diminui em até 66% o risco de morte por doenças cardiovasculares.

 “A população deve priorizar o consumo de alimentos com menor grau de processamento como forma de prevenir a ocorrência dessas doenças”, conclui Fernanda.

Saúde com Ciência

O programa de rádio e podcast Saúde com Ciência apresenta os principais achados dessa pesquisa sobre os benefícios do consumo do leite.

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify.