Controle da tuberculose em Belo Horizonte melhorou em relação à Atenção Primária à Saúde
Essa é a conclusão do estudo realizado na Faculdade de Medicina da UFMG que, além de evidenciar o bom desempenho dos Centros de Saúde de BH, propõe intervenções para aumentar melhorias nas ações de controle da doença
13 de novembro de 2019
O controle da tuberculose em Belo Horizonte melhorou entre os anos 2016 e 2018, em relação à Atenção Primária à Saúde (APS), nível de atendimento recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para casos iniciais da doença. Essa é a conclusão do mestrado da gestora de tuberculose de Belo Horizonte, Juliana Veiga Costa Rabelo, que avaliou as ações e desempenho dos Centros de Saúde da capital mineira.
A sua dissertação, defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde: Infectologia e Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da UFMG, evidenciou que 32 dos 44 indicadores de avaliação do serviço oferecido tiveram resultados positivos. Além disso, sugeriu mudanças para os que não alcançaram melhorias, como intervenção nas condições sociais dos pacientes.
Os resultados foram baseados nas respostas de 455 profissionais das 588 equipes de saúde da família (EqSF) da capital mineira que responderam a um questionário sobre o atendimento em relação aos recursos humanos, como capacitação e envolvimento dos profissionais; os recursos físicos, como acesso aos insumos, equipamentos e medicamentos; e a atenção proporcionada, como manejo dos casos e escuta qualificada, por exemplo.
Além disso, a pesquisa considerou a estratificação por grau de risco de abandono do tratamento e risco clínico da pessoa com tuberculose em BH, ou seja, qual a gravidade do caso do paciente para que seja possível encaminhá-lo ao nível de atenção adequada ao seu caso. Em comparação ao antes e depois desse processo, Juliana Veiga afirma que todos os indicadores melhoraram após a utilização do instrumento de estratificação, mesmo aqueles que já apresentavam desempenho satisfatório. Para esta análise, a pesquisadora considerou o índice de vulnerabilidade, questões sanitárias, sociais e de saúde.
Juliana identificou melhoria de 80,9% no atendimento e resolução rápida dos casos e de 80,2% na articulação entre os níveis de atenção, com a organização dos pacientes pelo nível mais adequado para cada caso.
Ao identificar as variáveis com resultados insatisfatórios, Rabelo propôs medidas de intervenção, como a disponibilização de cestas básicas e vale-transporte. Isso porque, de acordo com ela, geralmente os pacientes com tuberculose estão em condições de vulnerabilidade social. “Embora o tratamento seja garantido pelo SUS, as condições sociais podem ser determinantes para o abandono do tratamento”, ressalta.
E, pensando na própria forma de organização dos serviços de saúde do SUS, Rabelo também propõe a integração em um sistema único de informação para comunicar sobre o caso do paciente. “Tanto a Referência Secundária quanto a Atenção Primária devem ter acesso ao mesmo sistema para que as informações cheguem a tempo hábil, sem necessidade de ligar ou escrever para uma atenção ou outra”, explica.
Título: Avaliação do desempenho dos serviços de atenção primária à saúde no controle da tuberculose em Belo Horizonte
Programa: Pós-Graduação em Ciências da saúde – Infectologia e Medicina Tropical
Autora: Juliana Veiga Costa Rabelo
Orientadora: Silvana Spíndola de Miranda
Coorientadores: Vânia da Silva Carvalho e João Paulo Haddad
Data de Defesa: 29 de março de 2019