Cooperação técnico-científica em doença falciforme


27 de outubro de 2009


publicado

Durante o V Simpósio Brasileiro de Doença Falciforme e outras Hemoglobinopatias – realizado este mês em Belo Horizonte – representantes de Brasil e Gana assinaram um ajuste complementar do acordo de cooperação técnica e científica entre os dois países na área de doença falciforme.

Concluída neste mês, a primeira fase da parceria contemplou, durante seis semanas, o treinamento de quatro profissionais de saúde do país africano no Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina (Nupad) sobre procedimentos laboratoriais em triagem neonatal para o diagnóstico precoce de doença falciforme e outras hemoglobinopatias, e sobre outros aspectos importantes para o tratamento e a atenção integral ao paciente. Além disso, duas enfermeiras do país foram capacitadas para a estruturação dos sistemas de acompanhamento e controle do tratamento em uma rede integrada e hierarquizada de saúde. A próxima etapa terá duração de um ano, e culminará na implantação do programa nacional de triagem neonatal no país africano.

Parte do Projeto “Apoio a Estruturação do Sistema Nacional de Atenção Integral à Pessoa com Doença Falciforme de Gana”, o acordo é patrocinado pela Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores do Brasil e coordenado pelo Ministério da Saúde, UFMG e o Governo de Minas Gerais, através da Fundação Hemominas. Em relação a Gana, o projeto é coordenado pelo pediatra Kwaku-Ohene Frempong, presidente da Sickle Cell Foundation of Ghana (Fundação da Doença Falciforme de Gana).

De acordo com Frempong, a cooperação com o Brasil – através do Nupad e da Fundação Hemominas – é estratégica para o desenvolvimento de um programa de triagem neonatal, com a concepção de atenção integral ao paciente, e de um centro hematológico em Gana. “Temos muitos países fazendo a triagem neonatal para diferentes doenças, e eu penso que o Brasil é o líder no mundo em desenvolvimento. O Brasil tem aplicado métodos que são muito eficientes para os países em desenvolvimento. O que temos visto aqui é uma integração muito boa do trabalho técnico em laboratório com o trabalho médico e também com o serviço social para as pessoas com doença falciforme”.

Ampliando sua perspectiva de aprendizado, após o término do período de treinamento, os técnicos de Gana participaram ativamente do V Simpósio Brasileiro de Doença Falciforme e outras Hemoglobinopatias e Encontro Pan-Americano para Doença Falciforme – OPAS / OMS, não apenas assistindo às apresentações, mas compartilhando suas experiências na abordagem à pessoa com doença falciforme. Focado na atenção integral à pessoa com doença falciforme e nas pesquisas e inovações voltadas para o diagnóstico e tratamento dessa enfermidade destacaram-se no evento os esforços para uma cooperação técnico-científica entre os países.

Nesse sentido, o pediatra ganês Solomon F. Ofori-Acquah destacou a importância da cooperação “Sul-Sul”, destacando o Brasil como “um dos mais poderosos líderes nessa colaboração em termos de doença falciforme”. De acordo com o especialista, toda pesquisa em doença falciforme busca apenas a melhoria da qualidade de vida dos pacientes, daí a importância da atenção integral ao paciente, mostrada pelo programa mineiro. “O que me anima nessa colaboração é que Minas Gerais tem um programa contínuo – da triagem do recém-nascido ao cuidado com o paciente adulto”, ressaltou. “Conhecemos o Ceaps (Centro de Educação e Apoio Social do Nupad), o Cehmob-MG (Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias), a parte social, os laboratórios e os pacientes que vocês têm em tratamento na Fundação Hemominas. A colaboração com o Brasil é em longo prazo, e sabíamos que ia durar mesmo antes da visita. Pensamos que Gana vai aproveitar muito dessa visita, e todos vão ganhar com isso”, completou.

Outras parcerias envolvendo o Nupad e países africanos também estão em pauta. “A doença falciforme e a hemoterapia foram considerados projetos prioritários de cooperação internacional entre os projetos eleitos pela Assessoria Internacional do Ministério da Saúde. E isso é muito bom, pois agiliza também projetos relacionados a outros países com que estamos trabalhando, como Benin, Senegal e Angola”, explicou José Nelio Januario, diretor geral do Nupad.

Redação: Setor de Divulgação e Comunicação Social do Nupad