Coqueluche e o aumento no número de casos

Segundo boletim epidemiológico da União Europeia de 2024, até o momento, já foram confirmados cerca de 32 mil casos de coqueluche em 17 países diferentes.


21 de agosto de 2024 - , , , , ,


* Alexandre Temponi

A coqueluche é uma infecção bacteriana, transmitida pela bactéria Bordetella pertussis. Segundo a professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, e convidada do Saúde com Ciência desta semana, Lilian Diniz, a transmissão da doença se dá pelo contato com gotículas, como de tosse, espirro e outros, de uma pessoa infectada.

De acordo com a professora, os sintomas são variados de acordo com a idade do paciente atingido pela coqueluche. Em pacientes mais velhos, adolescentes e adultos ela vai se manifestar com uma tosse mais aguda que demora a passar mas, em geral, sem febre. Já em crianças até um ano de vida, ela se manifesta em forma de tosse, cianose, guincho inspiratório e em alguns casos pode ser seguido de vômito.

O diagnóstico da coqueluche em estágio inicial não é fácil, já que seus sintomas são facilmente confundidos com de outras doenças. Porém, a tosse seca é um forte indicativo e médico deve sugerir a coleta de materiais para a análise em laboratório. Portanto, somente por meio de um exame laboratorial é possível concluir que se trata de um caso de coqueluche.

A professora destaca que o tratamento da coqueluche é feito com o uso de macrolídeos, sendo o principal a azitromicina, um antibiótico que inibe a síntese proteica bacteriana. O uso é contínuo durante cinco dias mas varia em casos específicos, principalmente em crianças com poucos meses de vida.

Quadro epidemiológico e prevenção

No último dia 30 de junho foi registrado o primeiro óbito por coqueluche no Brasil nos últimos 3 anos. Este caso traz um alerta para esta doença, que vem crescendo principalmente em países europeus e asiáticos. A professora Lilian Diniz defende que, apesar da situação brasileira não ser tão alarmante quanto a enfrentada pela Europa ou a Ásia, é necessário que fiquemos atentos para o avanço da coqueluche. Segundo ela, a melhor forma de combater a doença é se prevenindo através da vacina, que está disponível pelo SUS para crianças de até 7 anos não completos.

“Enquanto nós não alcançarmos coberturas satisfatórias, quer dizer, enquanto a gente tiver um número crescente de crianças, nos primeiros meses de vida, desprotegias. A gente sabe que a bactéria continua circulando, essas crianças não imunizadas vão contribuir para que a circulação da bactéria seja mais intensa ainda e elas vão contribuir, também, para a estatística de crianças hospitalizadas, adoecidas e até mesmo de óbitos. Então, tudo tem a ver com a cobertura vacinal, e uma vez que a gente não tenha boas coberturas vacinais, a gente vai ter uma população desprotegida, que vai estar em maior risco de infecção e de hospitalização”.

Professora Lilian Diniz

Ouça o podcast na íntegra:

Saúde com Ciência

No programa de rádio Saúde com Ciência desta semana, vamos conversar sobre a coqueluche. Iremos explicar a transmissão, sintomas, tratamento e prevenção da doença. Além disso, traremos a situação epidemiológica da doença no Brasil e no mundo.

O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.

* Alexandre Temponi – estagiário de Jornalismo

Edição: Alexandre Bueno