Apesar de afetar menos as crianças, elas precisam de maior atenção durante pandemia

Especialista tira dúvidas sobre os cuidados com os pequenos


07 de maio de 2020 - , , ,


Dos quase 150 mil casos analisados pelo Center for Desease Control and Prevention, dos Estados Unidos, cerca de 2500 ocorreram em crianças e adolescentes com menos de 18 anos. A pesquisa, que levou em conta casos registrados entre 12 de fevereiro a 2 de abril desse ano no território americano, comprova que a doença age de forma diferente entre adultos e crianças.

De acordo com o estudo, entre as crianças que tiveram o coronavírus, 73% apresentaram febre, tosse ou falta de ar. Entre os adultos, a taxa é de 93%. Foram hospitalizadas 5,7% dessas crianças, contra 10% dos adultos. No período, foram registradas três mortes do setor pediátrico, em todo o país, dentre os mais de 5 mil óbitos de todas as faixas etárias.

A professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Daiana Elias Rodrigues, afirma que geralmente as crianças são assintomáticas ou apresentam sintomas leves da covid-19. Os sinais mais recorrentes são febre e tosse, mas também já foram relatados fadiga, congestão nasal, nariz escorrendo, diarreia e vômito. Apesar de já ser comprovado que os pequenos são menos suscetíveis ao novo coronavírus, ainda não há uma explicação definitiva para isso, como destaca a especialista:

Ao contrário das crianças, os idosos e as pessoas com comorbidades – como diabetes, pressão alta e em tratamento de câncer – têm mais chance de desenvolver formas graves da covid-19. Por isso, o conselho é que os pequenos evitem visitas a esses grupos. Se em casa tiver alguém do grupo de risco, o ideal é que a criança mantenha distância de aproximadamente dois metros e evite qualquer tipo de contato físico próximo.

Vale lembrar: mesmo sem apresentar sintomas, é possível transmitir o vírus.

Cuidados especiais

Para evitar a infecção, as crianças têm que tomar as mesmas precauções que os demais:

– lavar as mãos com freqüência ou fazer a higienização com álcool em gel 70%;
– tampar a boca e o nariz com o braço ou um lenço ao tossir ou espirrar;
– não tocar olhos, nariz e boca, a não ser que as mãos estejam higienizadas;
– manter distância de pelo menos dois metros de quem está com algum sintoma respiratório;
– evitar contato físico próximo, como abraços, beijos e apertos de mãos;
– ficar em isolamento social e evitar sair para brincar, especialmente em ambientes fechados;
– manter alimentação saudável e sono tranquilo;
– não compartilhar objetos de uso pessoal, como copos, talheres, roupa de cama e toalha.

Além disso, é preciso ficar atento à higienização de brinquedos, especialmente na fase oral, em que a criança leva tudo à boca. Outra dica é manter a casa sempre arejada. Mas, ao contrário dos adultos, não é recomendado o uso de máscaras em crianças pequenas. Quem faz o alerta é o infectologista e professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Vandack Alencar Nobre Júnior.

Fieis escudeiros

Gatos e cachorros são os melhores amigos de muitas crianças. Mas, durante a pandemia, é preciso tomar cuidado nessa relação. Isso porque, apesar de não haver comprovações de que os bichinhos possam transmitir o vírus ou desenvolver a doença, alguns animais já testaram positivo para o coronavírus. A professora Daiana Rodrigues faz recomendações sobre o contato entre animais de estimação e as crianças.

Mesmo em caso de distanciamento, não é aconselhável o abandono dos animais de estimação. Caso tenha dúvidas sobre o cuidado com o seu bichinho durante a pandemia, acesse informações da ONG Proteção Animal Mundial.

Pais infectados

Pais, cuidadores e outros familiares da criança que apresentaram algum sintoma da covid-19, suspeitam de ter sido infectados ou que já tiveram a doença têm que tomar cuidados maiores. A professora Daiana destaca quais devem ser essas precauções para evitar a disseminação do coronavírus.

Como conversar

O cancelamento das aulas presenciais, a mudança da rotina da criança e o excesso de informações sobre a nova doença podem gerar ansiedade e desconforto na criança. Segundo a professora Daiana, o ideal é explicar a situação de acordo com o nível de desenvolvimento da criança.

Para ajudar as famílias a lidar com essa situação, a UFMG elaborou um material especialmente direcionado ao cuidado com as crianças durante a pandemia do coronavírus. Clique para acessar. Outra opção é utilizar a brincadeira. Professoras da Faculdade de Medicina fizeram um livreto que ensina crianças sobre a covid-19 por meio de atividades lúdicas.