Depressão pós-parto: 25% das mães de recém-nascidos no Brasil são diagnosticadas com o transtorno, segundo Fiocruz
Período de puerpério, que pode ocasionar o início de uma depressão, necessita do apoio de amigos, familiares e cuidados médicos
01 de agosto de 2022 - baby blues, Depressão pós-parto, puerpério, saúde com ciência
*Eduarda Sperandio
O puerpério é o período que abrange desde o nascimento do bebê até a volta da mãe à “vida habitual”, isto é, ao estilo de vida mais próximo do anterior ao da gestação. No entanto, com um bebê em casa, as obrigações e responsabilidades sobre a mãe redobram, sem contar as tantas transformações hormonais que todo o processo demanda.
Com isso, a falta de atenção e cuidados com a recém-mãe podem gerar drásticas consequências, como a transição de um breve momento de tristeza, conhecido como “baby blues” para a depressão pós-parto. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a doença é identificada em 1 a cada 4 mães de recém-nascidos no país.
Baby-blues: é uma condição que se manifesta na mãe nos primeiros dias após o parto, ocasionando o sentimento de tristeza. As causas variam entre pressão materna social, dificuldades para amamentar, oscilação hormonal, entre outras.
Depressão pós-parto: é um transtorno que acomete mulheres após o parto, sendo caracterizada por uma tristeza profunda. Pode promover falta de interesse por atividades diárias, insônia, cansaço extremo, ansiedade, sentimento de culpa, falta de conexão com o bebê, entre outros sintomas.
Pressão social, cobrança e culpa
A pressão social materna é uma aparente causa do surgimento da depressão pós-parto. Ela tem a capacidade de instaurar o constante sentimento de culpa na recém-mãe, fazendo com que ela se cobre e se sinta insuficiente ao não conseguir realizar todas as tarefas maternas com perfeição.
Segundo a médica ginecologista, obstetra e mestranda em Perinatologia pelo Programa de Pós Graduação de Saúde da Mulher da Faculdade de Medicina da UFMG, Juliana Pinheiro, as cobranças sociais já são instauradas no papel feminino desde o nascimento, mas com o surgimento do papel materno, isso aumenta, gerando cada vez maior pesar na ocupação. Além disso, enuncia Juliana, as redes sociais vêm ampliando esse processo, já que, a todo momento, é exposta uma compulsiva felicidade materna.
Redes de Apoio
E já que o período é tão delicado e com tantas novidades, a atenção e os cuidados com a saúde materna precisam ser ampliados. Portanto, as redes de apoio se tornam instrumentos essenciais para a passagem saudável da mãe. Segundo a psicóloga e mestra em Promoção da Saúde e Prevenção da Violência pela Faculdade de Medicina da UFMG, Gabriela Nazário, a rede de apoio é o principal cuidado com a mulher puérpera, já que o suporte de amigos e familiares fazem toda a diferença nesse primeiro momento de adaptação. Por isso, o auxílio com tarefas domésticas, cuidados com o bebê e apoio psicológico são fundamentais para que a mãe não se sinta sozinha.
Por isso, segundo a ginecologista e obstetra, Juliana Pinheiro, o puerpério pode ser um momento muito difícil, no entanto, se houver apoio, cuidados médicos e acesso a informações, ele pode ser vivido da melhor forma possível.
Saúde com Ciência
O programa de rádio e podcast Saúde com Ciência desta semana aborda sobre o puerpério e os cuidados com a saúde após o parto.
O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify.
*Eduarda Sperandio – estagiária de jornalismo
Edição: Giovana Maldini