Dermatologistas contam com banco de dados brasileiro de produtos
Lista foi criada com o objetivo de facilitar a atuação do profissional, principalmente para atender melhor os pacientes com alergias
26 de março de 2015
Notícia publicada no Saúde Informa
A lista foi criada com o objetivo de facilitar a atuação do profissional, principalmente para atender melhor os pacientes com alergias
Em sua experiência profissional, na hora de prescrever, a dermatologista Vanessa Barreto Rocha percebeu a dificuldade em verificar se o produto dermatológico continha alérgenos, substâncias que causam alergia, relacionadas aos veículos dos produtos. Para facilitar a atuação dos profissionais da área, ela criou o primeiro banco de dados de todos esses tipos de produtos comercializados no Brasil, chamado de Programa para Pesquisa de Alérgenos de Contato (PPAC). Este foi o principal resultado da sua dissertação de mestrado defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas à Saúde do Adulto da Faculdade de Medicina da UFMG.
“Quando tínhamos que prescrever para um paciente alérgico era preciso consultar o rótulo dos produtos, o que não havia na internet e, nem mesmo os livros, continham todos. Então, era preciso mandar manipular o medicamento”, relata Vanessa. Ela ainda esclarece que, apesar de já existir uma lista nos Estados Unidos, por exemplo, a listagem dos produtos vendidos no mercado nacional é necessária porque eles se diferenciam de país para país.
Concepção
A sistematização do banco de dados começou em 2009, quando Vanessa teve a ideia de juntar as bulas dos produtos farmacêuticos que recebia de amostra grátis dos laboratórios e separá-los por classe. Em 2012 o banco foi disponibilizado através do link www. ppac.com.br para todos os dermatologistas. O acesso ainda é restrito devido ao patrocínio da Sociedade Brasileira de Dermatologia, regional Minas Gerais, na manutenção do site, mas a autora relata o objetivo de ampliá-lo para toda a sociedade.
A lista, com mais de 900 produtos dermatológicos presentes no mercado brasileiro, foi dividida em cosmecêuticos, hidratantes, sabonetes e loções de limpeza, xampus, medicamentos tópicos “de marca” e genéricos, medicamentos injetáveis e protetores solares. Ela relaciona todos os componentes do produto que podem causar alergia, de acordo com os 21 alérgenos considerados como os principais causadores da doença. “No Brasil, usamos uma bateria de teste de contato com 40 substâncias. Dessas, selecionamos as relacionadas aos cosméticos e veículos dermatológicos, e mais duas de relevância que não existem no teste daqui”, informa Vanessa. À medida que vai recebendo novos produtos, a lista é atualizada.
Outros resultados
Além do PPAC, a dissertação apresentou uma análise sobre a presença de alérgenos nos produtos dermatológicos. Do total, 88% apresentaram algum dos alérgenos. A média foi de 2,89 por produto. A classe com maior número de alérgenos foi a de protetores solares, e o alérgeno mais frequente foi a fragrância, presente em 61,5% dos produtos.
Segundo Vanessa, quando uma pessoa vai usar um produto dermatológico, como uma pomada para uma pele infl amada, o que se espera é que o produto não cause alergia, tendo em vista que a pele já está com um problema. “A média de quase três alérgenos por produto é signifi cativa no sentido de que o paciente está passando um produto que pode complicar o problema ao invés de solucioná-lo”, argumenta.
Ela também comenta que quase 90% dos produtos apresentam algum alérgeno, o que afeta principalmente os médicos na hora de prescreverem algum produto dermatoló- gico. “Prescrevemos através do princípio ativo e às vezes esquecemo-nos dos outros componentes de um respectivo produto. Então, se o paciente for alérgico a um componente, o programa irá facilitar muito para o médico prescrever com esta atenção”, salienta. Vanessa afirma que o PPAC promove melhor atendimento porque possibilita, inclusive, o cruzamento de informações e, assim, permite ao médico encontrar o medicamento correto.
As consequências positivas do banco de dados são garantidas por Vanessa por experiência própria. “Houve um paciente que estava usando um protetor solar para melhorar uma alergia no rosto e descobrimos que era o protetor que estava piorando a doença por conter um componente com o qual ele não podia ter contato, por ser alérgico. Há outros inú- meros exemplos de como a lista ajudou”, declarou.
Título: Prevalência de alérgenos nos produtos dermatológicos brasileiros
Nível: Mestrado
Autora: Vanessa Barreto Rocha
Orientadora: Flávia Vasques Bittencourt
Coorientadora: Carla Jorge Machado
Programa: Saúde do Adulto Defesa: 16 de dezembro de 2014