Dia Nacional da Saúde Bucal: como atua o fonoaudiólogo no tratamento integrado?
25 de outubro de 2018
O Dia Nacional da Saúde Bucal, celebrado em 25 de outubro, tem objetivo de chamar a atenção para a importância dos cuidados nessa área. Como a boca desempenha funções que afetam a saúde de todo o organismo, é importante ter atenção integrada, com profissionais da odontologia junto a fonoaudiólogos e médicos, por exemplo.
De acordo com a professora do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG, Andrea Rodrigues Motta, é preciso ter o cuidado integrado para conseguir a reabilitação total do paciente. “A natureza do tratamento já é multiprofissional, o fonoaudiólogo não pensa o tratamento sem pensar tanto na medicina quanto na odontologia”, explica. Dessa forma, ao tratar as funções de mastigação, deglutição e fala com a Fonoaudiologia, por exemplo, os resultados afetam todo o estado da saúde bucal do paciente.
“O fonoaudiólogo não faz uma avaliação odontológico, mas avalia o estado dentário do paciente, para saber a viabilidade do tratamento”, diz a professora, a qual defende que promover o cuidado oral é papel de todo profissional da saúde. “Embora a terapia seja fonoaudiológica, para alguns pacientes é preciso ensinar e treinar a escovação, o uso do fio dental, além de orientar um acompanhamento com o dentista”, completa.
Os problemas de saúde bucal e o fonoaudiólogo
Um dos problemas de saúde oral mais comum é a cárie, que pode afetar a mastigação da pessoa acometida. “Caso a pessoa tenha dente com cárie, mastigar em um dos lados pode causar dor. Isso impede a mastigação dos dois lados, que é a considerada ideal, podendo ocorrer, então, um desequilíbrio muscular”, afirma Andrea.
Outro problema de saúde bucal que necessita de tratamento integrado é a má oclusão, quando os dentes não fecham corretamente durante a mordida. Para a professora, é necessário o tratamento com o ortodontista acompanhado pelo fonoaudiólogo para a melhor reabilitação do paciente. “A deglutição precisa fazer uma pressão negativa dentro da boca. Mas, quando o paciente não tem alguns dentes, faz com que a língua feche aquele espaço para que consiga deglutir bem. Mas a condição normal é colocar a língua no céu da boca”, comenta.
O fonoaudiólogo também tem importante papel na adaptação de próteses dentárias. “No Brasil, muitos acreditam que é normal perder os dentes porque envelhecem. Então temos muitas pessoas usando prótese dentária, porque nem todos têm condições financeiras de fazer um implante”, conta Andrea. Ela explica que com o implante é possível desempenhar as funções, principalmente, da mastigação de forma bem mais próxima da condição natural. Já a prótese precisa de uma série de adaptações para essa função, sendo necessária a intervenção do fonoaudiólogo.
Andrea lembra que há alguns problemas de saúde bucal, como a má adaptação de próteses ou oclusão alterada, que podem modificar a deglutição e mastigação do paciente e essa adaptação perpetuar ou agravar o problema. “A falta de dentes, oclusão alterada ou prótese mal adaptada também podem alterar a fala. Essas questões podem dificultar o vedamento do lábio, necessário para emitir alguns sons. Além disso, a falta de dentes acaba permitindo que o som escape indevidamente, gerando distorção”, explica a professora.
O cuidado integrado na saúde pública
Segundo Andrea, conseguir tratar o paciente com cuidado integrado é um grande desafio do sistema público de saúde. “Geralmente, há um desejo das equipes envolvidas de trabalhar de forma integrada. Porém, na prática isso é difícil, já que não existe um fluxo direto com a odontologia e vice-versa”, acrescenta a professora.
Além da Fonoaudiologia e Odontologia, a Medicina também tem papel relevante na saúde bucal. No caso dos pacientes com respiração inadequada, através da boca, é preciso o acompanhamento do otorrinolaringologista. Já o oncologista atua em conjunto com outras áreas nos casos de câncer de boca, onde uma cirurgia pode afetar sua estrutura ou a radioterapia pode gerar sequelas funcionais.