Nos dias mais frios é bom reforçar os cuidados para evitar queimaduras
Época é mais perigosa para ocorrências de queimaduras e intoxicações por gases tóxicos
05 de agosto de 2019
Nos meses mais frios do ano, aumenta o consumo de bebidas mais quentes como sopas, caldos e chás. E para manter o ambiente aquecido e aconchegante, aquecedores, fogões a lenha e lareiras são recursos usados por muitos. Mas é preciso ter cuidado, pois esta época é mais perigosa para ocorrências de queimaduras e intoxicações ou asfixias por gases tóxicos, principalmente em ambientes domésticos.
De janeiro até junho de 2019, foram registrados 1.093 acidentes com queimaduras no Hospital João XXIII. De acordo com a coordenadora da cirurgia plástica do Hospital e do Centro de Tratamento de Queimados do João XXIII, Kelly Araújo, uma das causas mais comuns de queimaduras em adultos são as churrasqueiras. Por isso, ela orienta a não utilizar álcool. “Já tem dispositivos que não são caros e que você pode comprar para poder ascender a churrasqueia. Pode colocar até óleo no pão e ascender dessa forma”, explica.
Entre os pequenos, que representam 40% dos casos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Queimados, os acidentes com líquidos quentes são os mais comuns. “Às vezes, os pais vão ingerir algum líquido quente com a criança no colo e deixa cair, ou o cabo das panelas ficam virados para fora e a criança puxa. Então, é preciso manter as crianças longe da cozinha e evitar tomar sopas, chás ou outros alimentos quentes quando elas estão no colo”, orienta Kelly Araújo.
Do lado de fora de casa, é preciso ter cuidado especialmente com as pipas, ainda mais neste mês de agosto, em que os ventos fortes tornam a prática mais propícia. O risco é quando se está próximo a alguma rede de eletricidade. O contato da pipa com a rede pode provocar queimaduras elétricas em quem está manuseando o objeto. Por isso, a recomendação é para não empinar pipas nesses locais e, caso o objeto caía em alguma rede de eletricidade, é preciso orientar as crianças a não tentarem removê-lo.
Para Kelly Araújo, a prevenção é a principal medida para que as cicatrizes provocadas pelas queimaduras não sejam carregadas para o resto da vida.
Como agir?
Se mesmo com todos esses cuidados o acidente com queimaduras acontecer, a recomendação é passar somente água corrente. Isso porque o calor pode continuar atuando na pele e a água é capaz de cessar esse processo. Não se deve aplicar gelo e nem outros tipos de produtos, pois além de não ajudarem, são removidos para que os médicos avaliem o grau da queimadura, o que pode ser ainda mais doloroso.
Em seguida, é preciso procurar um atendimento médico para que identifiquem o tipo de queimadura e recomendem o tratamento mais adequado. Queimaduras de primeiro grau, por exemplo, são aquelas que aparecem depois de um dia na praia sob o sol. As de segundo grau, são aquelas que causam bolhas e, em alguns casos, o desprendimento da pele. “Quando não tratadas, as queimaduras podem aprofundar para infecção. Mesmo as que são de primeiro grau, mais superficiais e que poderiam cicatrizar sozinhas, podem se aprofundar e precisar de enxerto quando não tratadas”, comenta a especialista.
Gases tóxicos
Nesta época do ano, também é preciso ter atenção para risco de contaminação por gases tóxicos, principalmente em locais fechados. O mau uso, instalação incorreta ou falta de manutenção de lareiras e outros aquecedores podem acarretar sérios danos à saúde e até levar ao óbito. Isso porque, nessas condições, esses equipamentos podem contaminar o ar com gases tóxicos como o monóxido de carbono. E se o ambiente estiver totalmente fechado, pode levar à asfixia.
“Gases como o monóxido de carbono são inodoros e inflamáveis. A grande quantidade dessas substâncias em ambientes fechados leva a perda da consciência, seguida de morte, muito rapidamente. E mesmo em ambientes abertos, quando há a queima de materiais, como lenha, é preciso ter cuidado. A fumaça produzida por essa queima pode causar intoxicação”, explica a pneumologista e professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Valéria Augusto.
Por isso, quando ocorre a produção de fumaça em ambientes fechado é preciso ter atenção. Caso haja a inalação em grande quantidade a recomendação é procurar um médico. O Hospital João XXIII tem um Serviço de Toxicologia que orienta por telefone sobre como proceder em socorro à vítima que respiram substâncias tóxicas. O telefone do serviço é 0800-722-6001
O Saúde com Ciência desta semana é dedicado a alguns cuidados durante o inverno, como o perigo de asfixia ou intoxicação por gases de aquecedores.
Sobre o programa de rádio
O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify.