Diretoria da Faculdade de Medicina apresenta planejamento estratégico para o primeiro ano de gestão
Objetivos principais e específicos para o período foram traçados e apresentados à Congregação da unidade.
18 de julho de 2022 - Entrevista, planejamento
No cargo desde abril de 2022, as professoras Alamanda Kfoury e Cristina Alvim, diretora e vice-diretora da Faculdade de Medicina da UFMG, apresentaram à Congregação da unidade o seu primeiro planejamento estratégico.
O documento foi construído com participação dos setores da Faculdade e delimita quatro objetivos principais para o primeiro ano da gestão:
- Aprimorar a gestão administrativa e de pessoas;
- Potencializar a integração e desburocratizar pós-graduação, pesquisa e internacionalização;
- Investir na excelência da graduação e valorização da docência universitária;
- Incentivar a inserção docente nos hospitais de ensino.
Os objetivos principais serão desenvolvidos em objetivos específicos, executados por meio de plano de ação, com avaliação dos resultados após um ano.
Nesta entrevista, elas abordam o planejamento, as impressões sobre os primeiros meses de gestão e os desafios causados pela pandemia de covid-19.
A diretoria apresentou à Congregação um planejamento estratégico para a Faculdade de Medicina. Como ele foi construído?
Alamanda Kfoury (AK) – Esse planejamento vem sendo gestado desde quando nos propusemos a nos candidatar para a Diretoria. Em especial, nos quatro anos em que estive na vice-diretoria da Faculdade, fui compreendendo os desafios, limites e potencialidades da Faculdade. Para a formulação do documento, primeiro, decidimos escutar todos os setores e instituições representativas de todas as categorias, professores, alunos e servidores. Aquilo que mais era desejado se transformou em nosso plano de trabalho.
Depois da eleição, tivemos a feliz ideia, auxiliado pelo Cleverson Pena (Superintendente Administrativo da Faculdade), de transformar as ideias em um formato de planejamento estratégico, dividido em ações e objetivos concretos, com prazo definido. A ideia é não cairmos em frustração, já que as demandas do dia a dia consomem muito tempo e esforço e, muitas vezes, podemos perder o foco dos grandes objetivos.
Cristina Alvim (CA) – A ideia é que não é possível resolver todos os problemas de uma vez e, por isto, delimitamos os que são principais neste primeiro ano. Nós sinalizamos o objetivo geral e as ações específicas serão desenvolvidas pelas equipes relacionadas. Na proposta, não setorizamos os temas, mas buscamos a integração dos setores, para que conversem e busquem uma solução coletiva para os problemas da Faculdade que perpassam a todos.
Como a diretoria percebe os desafios e potencialidades atuais da instituição? Já conseguiram fazer um diagnóstico neste sentido?
AK – Nós temos uma estrutura muito compartimentada, fragmentada. O desafio é propor um planejamento em que as pessoas se sintam em torno de desafios em comum. Os objetivos vão ao encontro das necessidades da comunidade. Apesar de alguns problemas pontuais serem importantes no cotidiano, como desequilíbrio de força de trabalho, acaba sendo mais fácil só cuidar das demandas emergenciais. A forma de mudar é que será determinante, então temos que ter clareza na exposição das dificuldades e propor soluções que todos concordem.
CA – A construção coletiva demanda participação de todos envolvidos. Acreditamos em um processo de mudança que exige movimentação de todos. Além disso, depois de dois anos de trabalho remoto vemos que a comunicação cotidiana poderá avançar nesta volta ao presencial, podendo acontecer também de forma não-verbal, afetiva e presente. Em termos de potencialidades, acreditamos muito no respeito às pessoas, e vimos grande qualidade nas pessoas que trabalham e estudam aqui. Há, ainda, um grande compromisso institucional. A comunidade veste a camisa.
O planejamento apresentado estabelece objetivos estratégicos e específicos. Como serão implementados?
AK – As equipes de trabalho serão criadas a partir do interesse das próprias pessoas envolvidas, com comunicação constante e avaliação anual.
CA – Vamos promover oficinas preparatórias para treinar as equipes de trabalho a elaborar ações específicas. Serão quatro encontros do curso “Planejamento Estratégico e Gestão Ágil”, com duas turmas (uma às terças-feiras e outra às quintas-feiras), durante o mês de agosto.
Foram formuladas missão, visão e valores para a unidade. Quais especificidades foram observadas neste direcionamento?
AK – A nossa missão e visão e os nossos valores estão totalmente articuladas com os já formulados pela administração central da UFMG. Acrescentamos alguns detalhes por sermos uma unidade articulada com o Sistema Único de Saúde, com características específicas. Temos um relacionamento forte com os campos de prática dos nossos estudantes, por isso precisamos valorizar esses locais, como os hospitais universitários e a rede municipal de atenção primária à saúde.
CA – Como ainda estamos em um cenário de muita incerteza política, econômica e ambiental, pensamos que essas variáveis podem impactar em projetos pontuais da gestão, mas o que podemos garantir são os nossos valores, como sensibilidade e gentileza. Nada que faremos será com autoritarismo. O que nos norteia importa muito.
Missão: Pautada na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, contribuir para a produção, o compartilhamento, a divulgação e a aplicação do conhecimento científico e a promoção da justiça social. Promover o direito à educação superior de qualidade, pública e gratuita, formando profissionais de saúde em nível de graduação e pós-graduação com competência técnico-científica, comportamento ético e responsabilidade social.
Visão: Conquistar a excelência no ensino, pesquisa, extensão e administração, com melhoria contínua das atividades e respeito pelas pessoas.
Valores:
• Justiça e Senso de Coletividade
• Relevância e Excelência
• Participação e Colaboração
• Comunicação e Assertividade
• Sensibilidade e Gentileza
Como o cenário da pandemia de covid-19 impacta no planejamento da Faculdade?
AK – É um fato que a pandemia ainda não acabou e ainda nos impacta muito. A vacinação permitiu o retorno presencial e estamos caminhando para a ocupação plena, mas ainda nos impacta no uso de máscaras e nas dificuldades individuais da retomada ao trabalho 100% presencial. Precisamos seguir com o planejamento, tendo como premissa o trabalho coletivo, ouvindo e acolhendo as pessoas, incorporando os diversos ganhos que a pandemia trouxe em nossos processos de trabalho.
CA – Estar no Comitê Permanente de Enfrentamento à Covid-19 foi um privilégio e foi muito intenso. No início da pandemia li uma entrevista com o Ailton Krenak, em que dizia que, se depois da pandemia voltarmos ao que era antes, estaremos fracassando. A suspensão das aulas presenciais foi muito violenta. Ainda não voltamos ao normal e não devemos voltar ao normal. Há um desequilíbrio muito grande com o planeta, nas relações econômicas e sociais. O vírus causa doenças menos graves após a vacinação, mas temos que fazer mudanças estruturais nas nossas vidas para evitar futuras pandemias.
Estamos na metade do primeiro semestre letivo de 2022. Como a diretoria avalia o funcionamento da UFMG após a maior retomada de atividades presenciais ocorrida neste período?
AK – A parada das atividades presenciais foi muito brusca, violenta, com necessidade de todos nós termos que nos reinventarmos. Para a retomada, nossa iniciativa foi de acolher institucionalmente os estudantes e funcionários de forma afetiva, nas aulas inaugurais e recepções, buscando compreender os medos e fragilidades das pessoas.
CA – Na Faculdade de Medicina houve um facilitador, que foi a retomada das atividades presenciais de forma gradual, o que não ocorreu em todas as unidades. Os estudantes dos internatos, que são os períodos finais do curso de Medicina, voltaram ainda em 2020. Vimos que a pandemia iria demorar e, por sermos da área da saúde, decidimos acertadamente em retomar com uso de equipamentos de proteção individual. A busca é por um equilíbrio entre responsabilidade e cuidado.
O orçamento da UFMG foi novamente afetado pelo contingenciamento de recursos do governo federal. Como isso impacta a Faculdade de Medicina e a implementação do Planejamento?
AK – Impacta bastante. É um contingenciamento expressivo, mas a UFMG se preparou para enfrentar os cortes, evitando o déficit prévio que é enfrentado em outras Universidades. Mesmo com a menor dotação orçamentária, foi e será possível garantir o funcionamento básico e a assistência estudantil. De toda forma, vamos ser impactados em bolsas e no fomento de projetos. Seguindo a linha da nossa Reitoria, nosso Norte é não ficar parado. Vamos trabalhar com o melhor planejamento possível e buscar fontes alternativas para orçamentos complementares.
CA – Esses cortes progressivos desorganizam muitas Universidades. Vemos a necessidade de otimizarmos nossos recursos e investimento, com senso de coletividade. Neste cenário não poderemos nos dar o luxo de investirmos em setores ou projetos específicos, mas tornar os recursos existentes em bens comuns para uso mais amplo possível.
Para finalizar, qual mensagem enviam para nossa comunidade neste momento?
AK – Convidamos a todos da comunidade acadêmica para participar das oficinas de preparação e das ações estratégicas da Faculdade. Esse trabalho só faz sentido se for um projeto de todos e para todos, professores, estudantes, servidores e colaboradores terceirizados.
Clique aqui e saiba mais sobre as oficinas de planejamento estratégico.
As professoras Alamanda Kfoury (Departamento de Ginecologia e Obstetrícia) e Cristina Alvim (Departamento de Pediatria) foram empossadas pela reitora da UFMG, professora Sandra Goulart, em cerimônia realizada no dia 11 de abril. A gestão estará à frente da Instituição no período 2022-2026.
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