Doença transmitida por carrapato ainda é desconhecida
29 de agosto de 2018
De um grupo de entrevistados, apenas um soube dizer as formas de prevenção da Febre Maculosa. A doença é mais comum durante o inverno
De nome desconhecido por boa parte das pessoas, a febre maculosa é frequentemente associada apenas à presença das capivaras. Outros animais hospedeiros do carrapato transmissor da doença e as demais situações de risco ficam de fora do alerta para o contágio. De um grupo de entrevistados em Belo Horizonte, apenas um soube dizer corretamente as formas de contaminação e prevenção da enfermidade. E esta falta de conhecimento sobre a febre maculosa preocupa, especialmente no período em que a doença é mais comum.
Mais lembrada como a “doença do carrapato”, a enfermidade é uma infecção causada pela bactéria Rickettsia rickettsii e transmitida pelo carrapato estrela. O contágio é mais comum de junho a outubro: o clima seco favorece a incidência de carrapatos. E tanto na fase larval quanto na adulta, a possibilidade do animal transmitir a bactéria é maior após quatro horas em contato com a pele. Nesse tempo, ter informação pode ser decisivo.
No entanto, das 20 pessoas entrevistadas, mais da metade associou o risco de contágio às capivaras, o que pode prejudicar a identificação de outras situações de contágio. “O carrapato tem alguns hospedeiros mais importantes como os cavalos, a capivara, o gambá e até mesmo o cachorro”, explica a professora do Departamento de Clínica Médica da UFMG e infectologista, Marise Fonseca. “Por isso, em qualquer lugar que a gente vá que tenha mato ou lagoa por perto, especialmente nesta época, é preciso estar atento”, completa.
Excesso
Para a administradora Graciele Neves, de 24 anos, o problema não é a falta de informação, mas, sim, o excesso. “Não é que falta informação, são muitas informações e a gente acaba deixando de lado quando é algo que não está no nosso dia a dia”, diz.
Dengue, hepatite, catapora? “Quando as doenças são mais incidentes, as pessoas procuram se informar mais”, comenta a professora. E quanto mais informado, melhor. Isso porque os sintomas da febre maculosa são semelhantes aos de outras doenças. Febre, calafrios, dor de cabeça intensa, presença de manchas no corpo também são comuns a enfermidades como a dengue. Por isso, ter informações sobre a doença ajuda no diagnóstico.
“A febre maculosa tem de três dias a duas semanas de incubação. Então, a pessoa ainda se lembra onde esteve e o que fez. Essa pessoa pode falar para o médico: ‘olha, andei perto de lago, onde tinha cavalo’, por exemplo”, orienta Marise.
A informação também é preciosa para a prevenção. A recomendação é estar com mínimo de pele exposta, mesmo no calor. Calça comprida, meias dentro da bota e blusa de manga comprida. Tudo para não deixar o carrapato ter contato com a pele. Para ajudar a identificar o animal, roupas brancas e uma vistoria no corpo a cada três horas.
“É possível que a pessoa não veja o carrapato, principalmente quando ele está em sua fase larval, ou quando ele ganha peso ao se alimentar do sangue e cai. Por isso, mesmo que não o encontre no corpo, é preciso estar atento aos sintomas”, alerta a especialista.
De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte, são desenvolvidas no município ações permanentes de educação, prevenção e monitoramento para evitar o contato com carrapato.