ELSA-Brasil lança Boletim Especial sobre a saúde do trabalhador

Apresentados os principais resultados gerados ao longo de quinze anos, que traduzem as relações entre o trabalho, a saúde e a qualidade de vida


30 de abril de 2024 - , , , ,


O grupo de Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), coordenado pela Faculdade de Medicina da UFMG, lançou o Boletim Edição Especial Saúde do Trabalhador. O documento reúne dados e abordagens sobre a saúde dos trabalhadores brasileiros, com abordagens à doenças crônicas, trabalho noturno e teletrabalho.

Acesse o boletim completo aqui.

Segundo o relatório, o estresse no trabalho é um problema comum que afeta trabalhadores em diversos setores e níveis hierárquicos. No ELSA-Brasil, são avaliadas dimensões do trabalho que podem
gerar estresse: carga excessiva de trabalho; exigências contraditórias ou discordantes; repetição frequente das mesmas atividades; falta de controle sobre quais atividades fazer e como executá-las, entre outros aspectos da rotina de trabalho das pessoas. Ainda de acordo com o boletim da pesquisa, a dificuldade em conciliar as demandas profissionais e familiares pode gerar estresse e falta de tempo para o autocuidado e lazer, dificultando a adoção de comportamentos saudáveis e causando danos à saúde.

O ELSA-Brasil apresenta neste boletim os principais resultados gerados ao longo de quinze anos de existência, que traduzem as relações entre o trabalho, a saúde e a qualidade de vida. Por ser realizado com servidores públicos, ativos e aposentados, o ELSA-Brasil representa uma oportunidade ímpar
de se investigar os efeitos de aspectos do trabalho sobre a saúde e tem trazido importantes
contribuições para a saúde pública brasileira.

Trabalho noturno

Segundo a pesquisa, trabalho noturno pode levar a alterações hormonais e mudanças nos comportamentos relacionados à saúde (por exemplo, na quantidade e qualidade do sono, no hábito de fumar, na prática de exercícios e na qualidade da alimentação), aumentando a chance de problemas metabólicos e cardiovasculares.

Mulheres que trabalhavam à noite tiveram chance 40% maior de diabetes do que as que trabalhavam
somente durante o dia. Já para os homens, a chance de diabetes foi 6% maior entre os trabalhadores noturnos.

Outras dimensões das transições do mundo do trabalho são avaliadas, como a aposentadoria e o teletrabalho. A Edição Especial mostra que é essencial incorporar questões sobre o trabalho na agenda da saúde. O relatório apresenta que desenvolver programas de bem-estar no local de trabalho, promoção de um ambiente saudável e equilibrado, oferta de apoio psicológico e incentivo à busca por atividades que ajudem a aliviar o estresse serão insuficientes, se não forem acompanhadas de estratégias e políticas mais abrangentes.