Em aula aberta, pesquisador propõe uma ciência corajosa para uma era de iniquidades


09 de julho de 2021 - , , , ,


Captura de tela da aula aberta.

Propondo “uma ciência corajosa para uma era de iniquidade pandêmico-sindêmica”, a aula aberta do Programa de Pós-Graduação (PPG) em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UFMG foi realizada nesta sexta-feira, 9 de julho. O seminário foi realizado por um dos fundadores do movimento da Medicina Social e Saúde Coletiva Latino-americana, Jaime Breilh (Universidad Andina Simón Bolívar, do Equador), e fez parte da disciplina de Seminários em Saúde Coletiva, do PPG.

O professor Breilh abordou as transformações teóricas e metodológicas de sua geração, rompendo com a bolha do positivismo cartesiano e linear, pensamento dominante na ciência. Ele traçou os conceitos da ciência crítica, que envolvem alterações no conteúdo, profundidade e extensão para um novo paradigma: a determinação social da saúde. 

“A crise que vivemos não é só de saúde, mas também de conhecimento em saúde”

Jaime Breilh

Os pontos citados neste modo de se pensar a saúde foram enumerados pelo professor. “Repensar o modo de pensar a sociedade; de viver; do território socialmente determinado; dos mecanismos de exposição e vulnerabilidade a processos transmissíveis e, em geral, de processos destrutivos para a saúde; e as vulnerabilidades típicas que existem nos grupos humanos sociais”, afirmou.

Assista à aula completa no canal da Faculdade de Medicina no Youtube.

Segundo o autor, atualmente está em voga nos meios da saúde se falar em cuidado, mas esse cuidado precisa ser visto de forma crítica para enfrentar os desafios do nosso tempo, em um mundo permeado de iniquidades pandêmico-sindêmicas. 

O termo sindemia tem sido usado para caracterizar a interação mutuamente agravante entre problemas de saúde em populações e seu contexto social e econômico.

Palestrante

Professor Jaime Breilh. Imagem: captura de tela da aula aberta.

Jaime Breilh é médico epidemiologista, professor e diretor do Centro de Investigación y Laboratorios de Evaluación de Impactos en la Salud Colectiva (Cilab Salud) da Universidad Andina Simón Bolívar, no Equador.

Recentemente, ele tem trabalhado sobre os impactos dos extrativismos na América Latina e sua incompatibilidade com a saúde e o bem-estar da população. Neste sentido, o Cilab Salud é um dos poucos laboratórios na América Latina com ferramentas necessárias para analisar impactos do uso de agrotóxicos na saúde da população.

Com obras em três idiomas, clássicos da área, o professor teve o último livro publicado este ano pela Oxford University Press

Epidemiologia crítica

A epidemiologia crítica é um braço do movimento da medicina social e saúde coletiva, mais conhecida no Brasil como saúde coletiva, que se consolidou na reforma sanitária. É um movimento científico e político, que surgiu nos anos 1970 e se desenvolveu em diversos países da América Latina desde então. 

O professor Jaime Breilh marcou a epidemiologia crítica com seus trabalhos e parte de análise crítica dos fundamentos da epidemiologia clássica, apontando as contradições e limitações do pensamento linear, e de conceitos chave como o do risco e da causalidade.

Seminários em Saúde Coletiva

Os Seminários em Saúde Coletiva trazem debates e reflexões de diversos pesquisadores nacionais e internacionais sobre o campo da saúde coletiva. A disciplina faz parte da formação do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública.

Outras edições já foram transmitidas pelo canal da Faculdade de Medicina da UFMG


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