Encontro anual do Pediatria foca em otimizar aprendizado


24 de novembro de 2017


Carol Prado*

Professores discutiram métodos para melhoria do ensino da especialidade na Faculdade, destacando importância de estratégias de aprendizado mais leves e eficazes.

 

Professora Mônica Vasconcelos. Foto: Carol Morena

A 22ª edição do Encontro do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, na quarta-feira, 22 de novembro, teve como tema “Desafios da Formação Médica na Contemporaneidade”. No evento, professores e alunos discutiram sobre profissionalismo, relação médico e paciente e raciocínio clínico.

A professora Camila Cancela ressaltou a importância de incutir no aluno, desde os primeiros semestres da graduação, senso de responsabilidade e profissionalismo. Para ela, a questão da supervalorização da pontuação e o tratamento das faltas como opção são comportamentos não profissionais e que prejudicam seriamente a formação.

“Nós temos que acabar com essa cultura de que o aluno pode faltar determinada quantidade de aulas. Eu gosto de dizer que a tolerância de 25% existe para eventuais problemas e situações incontroláveis. No mais, o aluno deve comparecer a 100% das aulas”, defende Camila.

Durante sua palestra, “Raciocínio Clínico – quais são as evidencias para o ensino?”, a professora Rachel Fernandes discursou sobre a importância de colocar o conhecimento em prática. “O objetivo do professor é formar profissionais que possam dar uma assistência de qualidade, que atenda as necessidades do paciente. Para isso precisamos de três pilares: ética, humanística e competência diagnóstica” explica.

Em mesa redonda sobre profissionalismo, os professores abordaram práticas médicas, cuidado com a individualidade do paciente, e a importância do humanismo da formação.

Para a professora Mônica Vasconcelos, subchefe do Departamento de Pediatria, incorporar parte técnica a atenção voltada para a pessoa é básico. “A humanística é indispensável na formação do aluno. Precisam ser desenvolvidas habilidades de olhar, não só para o paciente, mas para a família também”, afirma.

Independência do aluno
O professor Cássio Ibiapina ressaltou a necessidade de incitar a reflexão do aluno nos casos clínicos, ou seja, durante o atendimento a pacientes, ao invés de lhe entregar respostas prontas: “O que te faz pensar assim? O que você esperava encontrar nessa história, mas existe uma lacuna? O que tem nessa história que reforça a sua hipótese? Esse é o raciocínio reflexivo, é preciso fazer o aluno pensar”, acredita.

Os professores destacaram que é crucial desenvolver dois tipos de habilidades durante a prática clínica: raciocínio automático e reflexivo. Segundo Raquel, o raciocínio automático é usado para casos simples, como resfriados. “Já o raciocínio reflexivo é aquele que te obriga a pesquisar, juntar informações de seu script mental, avaliar com outros profissionais para então chegar a um diagnostico”, explica.

A professora frisa que apenas reter a informação não é suficiente, é preciso aplicá-la e estar aberto a possibilidades. “As doenças tem variações muito específicas em cada paciente. Às vezes, mesmo com anos de prática, aparecerão casos que você não domina”, conta.

Estratégias cognitivas
Os grupos de discussão, compostos por professores e alunos, analisaram formas específicas de melhorar disciplinas referentes à pediatria, como lapidar as atividades teóricas, avaliações práticas e potencializar a absorção de conteúdo.

O grupo de discussão das disciplinas Pediatria IV e V compartilhou experiências com uma nova forma de metodologia aplicada. Se antes as aulas eram divididas em teórica e prática, agora as duas são alternadas. Assim, foi possível diminuir os grupos práticos, acompanhar melhor os estudantes e os pacientes, segundo as professoras Cláudia Machado e Camila Cancela.

Uma das estratégias utilizadas nessas aulas é o Team Based Learning (TBL), ou aprendizagem baseada em equipes. O método consiste em estudo prévio do aluno com material disponibilizado pelo professor, um teste individual seguido de um em grupo. Finalizados os testes, é iniciada uma discussão para avaliar os resultados.

A estratégia teve retorno positivo dos alunos, mas o que preocupa os professores é a frequência deles nas aulas práticas. “Como as aulas com TBL são pontuadas, se o aluno tiver de escolher um dia para faltar, escolherá a prática”, conta Cláudia.

Ao final do simpósio, a professora Mônica pediu uma salva de palmas aos alunos presentes. “O feedback dos alunos é muito importante, a presença deles é muito significativa para que tenhamos esse olhar do graduando, já que estamos, justamente, tentando aprimorar as estratégias de ensino, agradeceu.

 

 

 

 

*Redação: Carol Prado – estagiária de jornalismo
Edição: Mariana Pires