Enfrentamento da Aids na UFMG é tema de coletiva de imprensa


13 de agosto de 2015


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Foto: Caroline Morena.

O ano de 2015 marca os 30 anos de enfrentamento da Aids na UFMG. Nesta quarta-feira, dia 12 de agosto, foi realizada uma coletiva de imprensa para tratar do tema. Foram entrevistados o secretário-geral adjunto da Organização das Nações Unidas (ONU) e diretor executivo adjunto do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids/Genebra), Luiz Loures, responsável pelo enfrentamento global da Aids e pelos dados da doença no mundo; o infectologista e professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina, Dirceu Greco; e Floriano Leite, diagnosticado com HIV/Aids em 1985. Estiveram presentes diversos veículos de imprensa de Belo Horizonte.

Segundo Luiz Loures, as ações de prevenção ao HIV/Aids preveniram, nos últimos 15 anos, mais de 30 milhões de infecções e 8 milhões de mortes. No entanto, o contágio tem aumentado principalmente entre a população mais jovem, o que causa uma mudança nas estratégias de prevenção. “A população mais jovem não acompanhou a fase mais crítica da epidemia. Temos criado estratégias para alcançar esse público, principalmente em países da África e do Leste Europeu, onde o contágio de jovens tem crescido. Já temos tecnologia para erradicar a Aids e a ciência avança cada vez mais na busca de uma cura, mas isso não pode resultar na negligência quanto ao risco de contágio”, explicou

O professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Dirceu Greco, comentou sobre os 30 anos ininterruptos do funcionamento do Centro de Treinamento e Referência de Doenças Infecciosas e Parasitárias (CTR DIP Orestes Diniz). Ele destacou o pioneirismo da UFMG no tratamento de pacientes de HIV/Aids  em uma época em que havia pouca informação sobre a doença. “Foi muito difícil criar o ambulatório. Naquela época ainda não existia o SUS. Os pacientes precisavam ficar isolados dos outros e eram bastante estigmatizados. O sigilo e a confidencialidade dos pacientes naquela fase eram importantes. Nossa luta era para o tratamento fosse feito de uma maneira ética, mais humana”, comentou.

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Foto: Caroline Morena.

Floriano Leite, que vive com a HIV/Aids há 30 anos e foi um dos primeiros pacientes do ambulatório, comentou sobre a importância do trabalho realizado. “Naquela época o pânico era enorme. Ninguém sabia como lidar com a Aids, era uma sentença de morte. A DIP teve um papel importante no enfrentamento pela coragem, pelo preconceito na época que devem ter enfrentado em abrir o serviço”, contou. Sobre a situação atual, Floriano mostra preocupação quanto ao aumento de contágio entre os mais jovens e a necessidade de conscientização constante. “Tratamento não é cura. Os remédios causam efeitos colaterais, não é fácil. É importante que os mais jovens não banalizem a Aids, principalmente quando há tanta informação disponível. As escolas precisam falar mais sobre isso”, concluiu.

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