Especialista tranquiliza sobre riscos de malária em Minas Gerais

Médico explica que é comum focos da doença aparecerem no estado a cada um ou dois anos.


12 de janeiro de 2017


Médico explica que é comum focos da doença aparecerem no estado a cada um ou dois anos

Na semana passada, a Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais revelou seis casos de malária confirmados em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha e um em Simonésia, na Zona da Mata mineira. Segundo o médico responsável pelo diagnóstico e tratamento da malária de Minas Gerais e do Centro de Referência em Malária da Faculdade de Medicina da UFMG, José Francisco Zumpano, o foco encontrado em Diamantina aconteceu por causa de um minerador infectado em outra mineração, provavelmente do norte, que transmitiu o protozoário ao mosquito daquela região.

Ele explica que, em 54% do território de Minas Gerais, existe o mosquito do gênero Anophele, transmissor da doençae como já houve casos no estado, é considerada uma região malárica, mas os mosquitos não são mais infectados. “Essa não é uma questão de alarme. É muito comum que, em Minas Gerais, a cada um ou dois anos, surja um foco de malária”, afirma Zumpano. “O fato de acontecer é interessante porque evidencia que o serviço do Centro de Referência em Malária está funcionando ao identificar esses focos, os quais sempre irão acontecer, já que a imigração de pessoas é algo constante”, completa.

Mosquito transmissor da malaria. Foto: reprodução Internet

Mosquito transmissor da malária. Foto: Reprodução Internet

Segundo o médico, é preciso tratar e identificar a região onde cada paciente infectado mora e frequentou. “Uma vez identificado os casos, estabelecemos uma força tarefa para combater o mosquito e detectar novas ocorrências, tratando-as para conseguirmos combater esse foco e a área voltar a ser sem malária”, conta. Sobre a prevenção, Zumpano esclarece que são as mesmas para qualquer tipo de mosquito, como uso de repelente ou calças e camisas de manga longa, principalmente no período de fim da tarde e início da noite.

“Outra prevenção para não morrer de malária, caso vá para uma região com a doença, é se atentar ao surgimento de febre e fazer o exame específico para a doença. Ela é fácil de tratar e responde bem ao tratamento, desde que não seja um diagnóstico tardio”, alerta o médico. Além da febre, há os sintomas comuns a outras doenças, como dor nas costas, estado gripal, diarreia, entre outros.

Apesar dos sintomas serem os mesmo para os cinco tipos de protozoários causadores da malária no Brasil (Plasmodium vivaxPlasmodium falciparumPlasmodium malariae e Plasmodium oval e Plasmodium knowlesi), o tratamento é específico, de acordo com o medicamento mais eficaz contra cada tipo. Após esse período do tratamento, que dura de três a cinco dias, é necessário fazer a verificação de cura, com exames laboratoriais, como o gota espessa, exame específico para a detecção da doença. “Exceto o caso da malária com falciparum, que pode evoluir mais rápido ao óbito, as demais evoluem com raridade. A atenção deve ser dada às pessoas idosas e/ou com comorbidades como diabetes ou que retirou o baço, pois a malária pode ter complicações”, informa Zumpano.

Centro de Referência em Malária de Minas Gerais

O Programa de Pós-Graduação em Infectologia e Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da UFMG coordena as atividades do Centro de Referência em Malária de Minas Gerais, o qual tem convênio com a Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais e com a Funasa. Mais informações no site do Programa.