Especialistas da UFMG dão dicas sobre como manter o bem-estar diante dos efeitos da pandemia

No programa de rádio “Saúde com Ciência”, especialistas explicam como a alimentação, a prática de exercícios físicos e hábitos para uma melhor saúde mental influenciam na qualidade de vida, além de contribuir para um sistema imune mais fortalecido.


07 de fevereiro de 2022 - , , , , , , ,


A pandemia demandou a reorganização das nossas rotinas para o que tem sido chamado de “novo normal”. O uso de máscaras, álcool em gel, distanciamento físico entre as pessoas e a vida cada vez mais online marcam esse momento de crise sanitária, que tem se intensificado com o surgimento da nova variante da covid-19 ômicron.  

Diante desse “novo” que também aflige e de sentimentos que estavam presentes desde o início da pandemia, como medo e ansiedade, é importante a adoção de algumas medidas para melhorar o bem-estar físico, mental e social e, assim, fortalecer o sistema de defesa do nosso corpo.

Uma dessa medidas, é tentar manter uma alimentação mais equilibrada e mais variada possível. De acordo com a professora do Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG, Camila Kümmel Duarte, não existe um padrão específico de alimentação que possa fortalecer o sistema imunológico, mas sim um padrão alimentar rico em frutas, verduras, hortaliças e que contenha também fontes de proteínas e carboidratos.

“As vitaminas e os mineiras estão muito associados com a nossa imunidade. Acho que é daí que vem um pouco essa questão de a gente querer aumentar o consumo de vitaminas e minerais. Mas sabemos que é quando temos uma deficiência desses elementos, que estaremos mais predispostos a desenvolver quadros infecciosos”, explica a professora.

Durante a pandemia, muita gente tem apostado no uso de alimentos como própolis e limão para melhorar a imunidade. Mas a especialista reforça que não existem alimentos milagrosos.

“A gente pode até colocar na nossa rotina de uso, mas é o conjunto de ações que vamos adotar que ajuda a manter uma boa saúde e não apenas um elemento ou alimento”, completa.

SAÚDE MENTAL

O esgotamento mental com a crise sanitária e seus impactos é uma realidade para boa parte dos brasileiros. Em pesquisa encomendada pelo Fórum Econômico Mundial, cerca de 53% dos brasileiros declararam que seu bem-estar mental piorou entre 2020 e 2021, índice que fica atrás apenas de quatro dos 30 países pesquisados. E uma saúde mental mais fragilizada pode trazer repercussões também para o sistema de defesa do corpo.

De acordo com o psiquiatra e professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, Helian Nunes, o sistema imune e a saúde mental são dois campos que precisam de mais estudos para estabelecer melhor a relação entre eles. Mas que há relatos e pesquisas que demostram que pessoas em situação de estresse, sobrecarga e cansaço extremo, podem ter comprometimento não apenas cognitivo, funcional, mas também em todo o corpo.

“As pessoas podem ter perda de cabelo, mais susceptibilidade às infecções, distúrbio metabólicos e sintomas dolorosos que tem mais a ver com os sistemas onde a pessoa é mais vulnerável”, observa o especialista. Algumas pessoas, por exemplo, têm dor nas costas quando estão com estresse maior. Já outras, podem apresentar mais quadros de insônia.  “Mas não é o único mecanismo que faz essa mediação com o nosso sistema de defesa”, reforça.

Para ajudar a preservar a saúde mental, o professor ressalta a adoção de bons hábitos de vida, como manter o corpo ativo, dormir a quantidade necessária de horas (para adultos a recomendação geral é de 7h a 8h de sono), e preferir alimentos frescos aos industrializados e com conservantes.

Atividade física

A prática de regular de atividade física traz inúmeros benefícios para o corpo. E mais recentemente, ela foi associada ao aumento da reposta imunológica da vacina contra a covid-19. Estudo da Universidade de São Paulo (USP), publicado em fase de pre-print, isto é, ainda sem revisão de outros cientistas, avaliou grupo de pessoas seis meses após a vacinação completa e viram que aqueles que eram fisicamente ativos tiveram a presença de anticorpos mais elevadas.

O professor de Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, Luiz Sérgio Silva, explica que, em princípio, o recomendado são 60 minutos de atividades físicas por dia, sendo que dentre esses dias, pelo menos três devem ser selecionados para exercícios físicos, que são aqueles mais direcionados para a musculatura.

O especialista também elenca outros benefícios da atividade física como a definição muscular, com maior ganho de massa magra, ou seja, de musculatura.

“Quando acumulamos gordura, temos nesse tecido gorduroso um processo inflamatório crônico que acaba levando a uma resistência insulínica, o que faz acumular mais gordura e esse processo aumenta, levando até a diabetes mellitus tipo 2”, explica.

A prática regular de atividade física contribui ainda para o aumento natural de neurotransmissores e hormônios que melhoram o humor. “E uma pessoa bem humorada consegue se relacionar melhor e ter mais qualidade de vida”, frisa Silva.

Sem fake news

Outra dica importante para o bem-estar físico e mental, de acordo com o professor aposentado da Faculdade de Medicina da UFMG e docente da Escola de Música da UFMG, João Gabriel Marques, é continuar adotando as medidas preventivas contra a covid-19 e acreditar na ciência.

“Ainda estamos no olho do furacão de uma pandemia, então manter aquelas quatro recomendações de distanciamento, máscaras, higiene pessoal e ventilação. E vou até ousar a dizer que é um conselho: preste atenção na ciência, questione fontes de informações”, orienta.

Saúde com Ciência

Confira, neste programa do “Saúde com Ciência”, mais informações sobre como a alimentação, a prática de exercícios físicos e hábitos para uma melhor saúde mental influenciam na qualidade de vida, além de contribuir para um sistema imune mais fortalecido.

“Saúde com Ciência”  é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a quinta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify.