Especialistas discutem programa Mais Médicos
20 de setembro de 2013
A convocação de médicas e médicos estrangeiros para atuar na atenção à saúde básica do país por meio do programa Mais Médicos tem dividido a opinião da população brasileira. Apesar dos evidentes problemas do setor, a busca de soluções está longe de se tornar consensual, até mesmo entre especialistas da área.
Para discutir o tema, o Café Controverso “Mais ou menos médicos?” vai reunir o médico anestesista, ex-presidente e atual ouvidor do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, Cristiano Matta Machado, e a professora de Política e Planejamento em Saúde do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, Eli Iola Andrade. O debate acontece neste sábado, 21, às 11h, no Espaço do Conhecimento UFMG (Praça da Liberdade, s/nº, Belo Horizonte). A entrada é gratuita.
Para Cristiano, atrair mais profissionais de medicina para o país não é uma medida capaz de trazer soluções duradouras para a área. “Reconheço a necessidade de termos mais médicos, mas vejo que o programa elaborou isso de maneira, no mínimo, atabalhoada.” Segundo o anestesista, o programa foi planejado como se a eficácia do sistema dependesse exclusivamente dos médicos: “Para fixar esses médicos seria preciso abrir concurso público, definir uma carreira que permita uma progressão ao longo dos anos. A questão não é só ter médicos ou bons equipamentos, mas ter para onde encaminhar os pacientes, internar, ter acesso a exames, ter a quem pedir orientação sobre os casos e boas condições salariais”, afirma.
Já a professora Eli Iola entende que o programa não é capaz de resolver totalmente o problema, mas é muito oportuno para atrair mudanças positivas no setor: “levar médicos para as áreas de difícil fixação vai desencadear outras demandas, tanto de infraestrutura quanto de profissionais de atenção básica.” Eli reconhece a necessidade de outras medidas estruturantes da área, mas acredita que a vinda dos médicos pode ser um primeiro passo essencial. “Estetoscópio não pede médico, mas médico pede estetoscópio. Com os médicos nas áreas carentes, cabe também à população pressionar da forma que puder para garantir as demais melhorias”, pondera a professora.
(Assessoria de Comunicação do Espaço do Conhecimento UFMG)